31 de dez. de 2012

Augusto nem imagina...


Estava preparando um cafezinho para começar a escrever quando o sinal de msg tocou no celular, olhei e era o voto de feliz ano novo do meu amigo Augusto.

Fiquei feliz, mas encabulada porque ele, testemunha diária do meu fracasso na arte da escrita, nem imagina que tenho um blog. Se ele soubesse, era capaz de cair fulminado só de imaginar-me a assassinar a língua pátria.

Augusto tem o dom de escrever e falar com coerência, correção e elegância seja textos técnicos ou prosas. Passeia com maestria entre substantivos e verbos. Tem propriedade e excelência no uso de sinônimos e advérbios, alias na gramática inteira!

Seu Augusto tem charme para falar e escrever e afirma que isto é possível e acessível a qualquer um, basta ler muito.

Não pensem que ele é velho, nem carrancudo, nem daqueles que chama rascunho e anotações de “meus alfarrábios”. Também não  é jovem e tem a idade que lhe cabe - aliás este é um assunto do qual ele não gosta de falar ou escrever e é capaz de perder a compostura se insisto.

Tomo um gole do meu café e vejo que me esqueci de adoçar. Não me agrada café sem açúcar e isto me faz pensar na nossa velha amizade, que este ano foi assim, meio com gosto de café amargo. Gosto tanto de café, mas sinto a falta doçura!

Nossa amizade amargou, mas se provou forte como um espresso encorpado. Eu disse amargou, porque fraca nunca ficou. Foi um ano difícil para ambos e a nossa amizade andou extremada. Estive magoada, mas  passou! Ele teve um ano de perdas irreparáveis e sofreu. Nossa amizade é forte e aguenta o tranco.

Gosto da comparação e fico rindo sozinha – as meninas estão em Madrid para o revellion. Como se diz ...chic!!!

O ano tá terminando, sou feliz  porque  estou resgatando uma velha amizade.  Afinal, amigos são assim e se os comparo ao café, com certeza, é melhor um bom café requentado do que nenhum!

Augusto, eu continuo sua amiga e, como  seremos sempre assim turrões, vou andar prevenida com um vidrinho de adoçante e quando, por sua vez, eu estiver muito ácida oferte uma magnésia bisurada e seguiremos assim por mais 30 anos.

Abraços Augusto, votos de que continuemos compassivos e fraternos.

Beijos a todos e votos que tomemos muitos cafezinhos em 2013.

25 de dez. de 2012

Ceia sem café

Passei a noite de ontem com a família num Natal a moda antiga, daqueles que tem presépio, adulto com gorro, árvore com  pisca-pisca, amigo secreto, comida, muita bebida, nenhuma prece, muitas fofocas, meninos e cachorros. A família é grande e já está na fase dos netos. Estamos envelhecendo juntos!

 

Em verdade, esta família foi herdada do meu  primeiro marido e lá se vão 37 Natais. Desde 1975 passamos  juntos e assim continuei, mesmo depois da separação e dos novos casamentos, meu e dele, onde  os parceiros novos se incorporavam.

 

Já conheço os presentes pelas embalagens, quem fez  as comidas pelas bandejas de apoio, as vozes, as pisadas e também as piadas! Todo ano é igual, afinal é Natal.

 

Estávamos muito cansadas da mudança e do fabrico das lembrancinhas - Cissa faz pequenos mimos de presente - frescuras e fofuras, como ela diz no blog dela.  Agnes estava com febre alta e gripe forte. Ambas ensinam  universidade e final de ano é pauleira. Então  éramos só bagaço. Já tínhamos a cara de fim de festa desde o início: -  roupas e caras amassadas.

 

Não deu tempo para  comprar os presentes, mas eu ganhei o meu. O shopping funcionou de madrugada e  elas, bravamente, foram comprar, enquanto eu capotei na cama  após abrir caixas e caixas da mudança.  Serei prática e vou  dar-lhes alguns  Euros porque estão indo passar 10 dias na Espanha. Todo ano ralam  muito, mas passam a virada de ano em grande estilo, Paris, Lisboa, Madrid...e que venha mais!!!

 

Apesar de tudo , cheguei na festa em grande estilo -  cheia de presentes... dos outros. Os presentes do pai delas  estavam comigo e  no meu carro só faltavam as renas.  É verdade que  encher meu carro não é tão difícil, mas tava lotado. Fiz firula com o dinheiro alheio...rsrsrsrs!!!

 

Comi, bebi e parti a resmungar a falta de um café. Não sei por que não servem café no Natal! A mesa tá lá farta de comidas, doces, bolos e café que é bom, nem o cheiro. Creio que se tivesse um cafezinho teríamos menos bocejos, ressacas e as conversas seriam mais animadas.

 

Aos meus irmãos mandei mensagens virtuais e já não nos encontramos nestas datas. Um foi para São Paulo, outra para o litoral norte e a outra, não  consegui falar. Devem estar todos bem! Depois que meus pais se foram, já não fazemos estas festas.

 

Ano novo comemorei em grande estilo,  numa grande vibração do Om sagrado. É o dia da Fraternidade Universal, aniversário de Nouredini.’. , dia de esperança e de muita paz, mas com certeza,  lá pelas 23h tomo um café antes de sair de casa e outro lá as 2h quando voltar e tudo seguirá com antes.

Beijos e comam as sobras de panetone com um cafezinho da hora


17 de dez. de 2012

café com bomba


Adoro bombas de chocolate para acompanhar o café, porém as de hoje são do tipo Faixa de Gaza e só um bom espresso duplo para aguentar o tranco...

Continuo às voltas com a mudança. Não sou destas que demora dias para arrumar as caixas. Sou prática: - chamo a transportadora, eles embalam tudo, arrastam tudo, sobem e descem e num instante estou na casa, falida porque saí muito caro, mas vale!  Então por que a demora? Aí é que surge a explicação do café com bomba.

Estou mudando para mesma rua, super prático para ajustar o endereço  nos milhares de formulários e cadastros de bancos, cartões , trabalho, amigos,etc. Todos os fornecedores são os mesmo do mercadinho ao restaurante . Para ensinar aos amigos basta dizer que mudei para a outra ponta da rua, lá no comecinho...e porque do pipoco?

A área do apartamento é ligeiramente menor e com um pouco de desapego cabe tudo, o prédio é bem cuidado, os elevadores (santos elevadores, vão economizar 2 andares de escada), os porteiros são solícitos, mas o apartamento táva bem disfarçado: já troquei todas torneiras e descargas, tive que refazer toda pintura, troquei 30 tomadas, 2 chuveiros. Os armários não fecham as portas e lá se vão -  marceneiro e a colocação de 39 novas dobradiças.

Tivemos que aplicar  tinta epox nas paredes da cozinha dado o estado dos azulejos, refazer o armário do gabinete da pia e o do banheiro, trocar todos os ralos e ainda providenciar  as chaves da caixa postal, carinho e da porta da cozinha. Revisar toda hidráulica e elétrica e ainda por cima de tudo isto, das 48 vagas a nossa é a pior, só dá para entrar de ré e mal cabe o meu minúsculo Chery QQ.

Socorro, para cada lado um pipoco! Chove bombas e não estou em zona de conflito. Aliás, conflito é o que não rolou, porque o senhorio disse que não paga as reformas, seu quiser que as faça. Como não fazer? Problema o meu que assinei o contrato em confiança e não abri as torneiras para verificar!

Ainda não pude mudar porque estou reformando a casa alheia e enquanto não fica pronta, vou pagando 2 alugueis, o novo e o que ainda estou, porque miséria pouca é bobagem! O melhor é seguir tomando meu café com bomba, enquanto está economia de guerra me permitir, porque se faltar meu café aí o bicho vai pegar!!!

 

13 de dez. de 2012

Café embalado


Estou às voltas com minha mudança. Vou literalmente de uma ponta a outra da rua. Saio do nº25 para o 537, mas isto não minimiza em nada a correria.

Mudança exige mudança, trocadilho? não, a mais pura verdade. Antes de tudo deviríamos mudar internamente e nos desapagarmos dos milhares de tranqueiras que juntamos, sem nem sentir ou saber para que.

Sempre acreditei que profundas mudanças começavam em templos, consultórios de análise, fraternidades, meditações e imersões, mas uma mudança de endereço é um bom ponto de partida. Estou neste endereço faz 3 anos e juntei a mesma quantidade tralhas do anterior, onde vivi por 25 longos anos, com intervalos em que eu saía, mas as tralhas ficavam .

Do que  trouxe, muitas coisas nem abri e estão como vieram. Não deixarei que sigam. Basta! Stop, desapega!!!

Gandhi dizia que se tiver em casa uma única cadeira da qual não precisemos, estaremos roubando isto de alguém. Não sou tão elevada, sou muito ego para tamanho desapego , então vou ao meio termo e estabeleci prioridades:

· minha máquina de café, assessórios dos bolinhos e refratários vão;

· roupas de cama, mesa e banho só a de uso, a da lavanderia, a reserva e um jogo de vista;

· meus panos de pratos todos, todos e todos bordados de azul;

· minha louça azul, dos meus 50 anos, vai todinha e que venha muuuito mais!

· bolsas e sapatos serão radicalmente reduzidos;

· roupas pessoais , o meu peso será o fiel da balança (lá vem trocadilho e trocado!!!)

· vasinhos, quadrinhos, quadros (todos inúteis) , mas que amo de paixão, seguem comigo até o caixão.

· eletrodomésticos , sim, sim, sim

Paro para tomar um café, sento no meu santuário e observo como digo meu e minha, minhas. Tenho de repensar o meu apego, senão nem um caminhão baú  vai caber tudo  e, a rigor,  no nosso caixão fúnebre não levamos nada conosco para próxima vida.

Sento em semi-lótus, respiro e vou meditar antes de começar a arrumar as caixas!!

Mestres acudam-me!!!