28 de fev. de 2013

Café saudoso: Cairú, minha Pasárgada

 Vou-me embora pra Pasargada - Manuel Bandeira

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d’água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.


 
Saudades de Cairú, minha Pasárgada, terra que fui feliz e tanto amei. Tomava café com bolo, enquanto o sino dobrava chamando para a missa das 18h.
A casa verdinha ou verdona era a minha casa em Cairú.

22 de fev. de 2013

Lembranças de povo maravilhoso e seu café esquisito.


Faz alguns anos cheguei ao Peru numa manhã muito fria de julho e todo meu corpo e mente gritavam por um café. Grata surpresa, ao encontrar no balcão do aeroporto um café gostoso, servido num copo térmico, daqueles que só tinha visto em filmes policiais americano.

Segui para o hotel e por duras penas consegui tomar um banho, trocar-me e deixar o quarto rumo ao restaurante para tomar o café da manhã. Daí  seguiram - se as surpresas: -  o bule só tinha água quente e pensei...hum café solúvel! Procurei  o pó, mas já encontrei o café dissolvido.

Nunca vira antes, mas cada lugar seu costume. Despejei na xícara, adocei e bebi com gosto. Vixe nossa mãe dos ignorantes...era xarope de café! Vero,  o solúvel deles é em xarope, uma versão horrível de café, que só perde para o chá de coca no quesito pior gosto.

Assim, passei a ser prudente durante toda a viagem, colocar um pouco daquilo na xícara, misturar água quente, fazendo meu própiro ponto.  Segui viagem até Sibayo e adjacências, onde me aguardava  conviver  em comunidades rurais maravilhosas, que sobrevivem com dignidade e sabedoria  sob as  sérias restrições andinas de estar  acima  5000 m de altitude e um frio de  -10 ° C.

Aprendi a importância da folha de coca na vida deles e sou grata pelo seu chá horrível que me manteve respirando e caminhado apesar das minhas limitações “marmóticas”.  Destas pessoas, trago lembranças, fotos e muitos exemplos de criatividade, capacidade adaptação e sobretudo,  de fé na vida.

Para este povo simples e batalhador ergo a xícara do meu melhor café, aquele que se torra na roça, na bola, moi no pilão e pode até ser caldeado.
 
Beijos, votos de paz.
 
P.S a foto é da viagem.
 
 
 

 

17 de fev. de 2013

Café inédito: aumentei 18 cm na história da minha vida.

Bote inédito nisto,  tinha  dois títulos para um só post - Quem conta o conto, enfeita a estória ou Café inédito: aumentei 18 cm na história da minha vida.  Fiquei com o segundo e poderíamos ter um terceiro: 18 cm de aprendizagem e 18 cm de pura paixão.  Na verdade, este último poderia lembrar mais o título de filme pornô, logo desisti.

Ando meio esquisita  e com a gripe  “Ziriguidum” não tenho tomado muito café. Creio  que isto tem afetado a minha lucidez e em meio a delírios febris resolvi recontar a história da minha vida e não coube mais nos  18 cm de pulseira que tinha!
Em tempos de gripe, dou uma receita para este post – leia antes  “ café confesso; - uma vida contada em 18 cm “ . Vá por mim., dá tempo enquanto passo seu café, tá no lume com diz meu amigo Zito. Vá, mas volte.

Continuando ...o resultado obvio , além do saldo devedor no cartão,  tive que comprar outra pulseira e entraram muitos outros berloques.O lado do aprendizado, tomou fórum de pulseira e ganhou os acréscimos:

 - uma nota musical, por todos nós temos um som, uma canção própria, uma oração;

- Uma pirâmide , pela sua geometria perfeita como todo universo;
uma matrioska, que lembra maternidade e que nos podemos nos parir sempre, nos regenerando;
- um relógio porque nós fazemos o nosso próprio temo. O tempo é do homem;

-  um bolo confeitado escrito feliz aniversário, porque quando criança adorava olhar as vitrines das confeitarias e atualmente comemoro dois aniversários: o dia que nasci Heide em 3/6 e o dia que nasci Nouredini em  1/1 e sempre tem bolo. Também, porque odiava aniversários e aprendi a gostar de comemorar e do seu significado disto;

- uma mala , no sentido de bagagem. O que precisamos carregamos dentro de nós;

- um budha, para lembrar o conhecimento de todos os buddhas como o Cristo e Siddartha e pela infinita Misericórida, que todos nós possamos, um dia, vir a ser um;

- uma chaleira, com símbolo da paciência, do ritual, da plena atenção e do cuidado;
-  uma casa para lembrar as perdas superadas: uma longa história pessoal para muitos cafezinhos. Ou melhor, que muitas vezes, os  ganhos vem transvestidos como perdas.
citado.

Além de todas as coisas que já estava por lá, creio agora tá tudo representado e  explicado, restando exercitar, senão perde seu sentdo.

O lado das paixões ganhou seus reforços e assumiu seus próprios 18 cm de pulseira :
- dois anéis cheios de pequenas flores porque adoro flores de mato, aquelas que brotam em cercas ao longo dos caminhos, cantos de calçada, matagais - urbanas ou rurais - todas são lindas!

-  um pierot apaixonado dos velhos carnavais. Adoro marchinhas, sambas e batucadas e para todos que sempre amam, quebre a cara ou não!

- uma cenoura para lembrar a roça, o rural, que tanto repeito e sobre o qual  trabalho de forma apaixonada. Poderia ser uma vaca, um porco, mas a primeira vez que mudei paro interior a serviço, fui trabalhar com irrigação comunitaria, acho que a cenoura é um bom símbolo!

 - um chapéu de chef para quem sabe, no futuro,   o café e bolinho deixar de ser virtual tornar-se  uma cafeteria e um ponto de encontro;

 -um nó tibetano que representa um sonho conhecer ou reconhecer Himalaia.  

Assim, ficou oficialmente dividida em segmentos uma mesma história. Separados por pura necessidade espacial . O nó tibetano lembra no lado das paixões que tudo é interligado e que as pulseiras separadas são pura ilusão do meu ego , um conhecimento representado lá na outra pulseira.

Elas  coexistem como tudo em nós e  podem  ser lidas juntas ou separadas. Reunem o que aprendi e  o que me tornei. Profano e sagrado, amores compassivos, paixões e sonhos.

Ego e eu, essa mistura que sou Eu.

Beijos com sabor de café com leite e sopinha pra quem tá dodói.
 
 

3 de fev. de 2013

Pereira café ou Zé Pereira, o rei da folia.

Fico pensando na máxima do globo de cristal, onde meu Mestre  ensinava-nos as diferentes perspectivas da vida e que  cada um  enxerga a partir de seu ponto e tem um foco diferenciado. Um  mesma situação,  uma mesma pessoa parece diferente a depender de quem, de onde  e do quando olha. Sinto-me assim observada, nova e velha.

Penso sobre  isto olhando a fumaça que sai do meu café e embaça o verde das minhas samambaias. Alias, não é só a fumaça que as embaça, meus olhos estão turvos de lágrimas. Enquanto marejo, no quarto da minha filha o burburinho aumenta nos preparos para mais uma atividade pré-carnavalesca. Hoje tem feijoada no Pereira.
O Pereira café onde se ouve uma boa música e bebe um bom café selecionado, em variados opções, também serve petiscos e aos domingos uma feijoada. Só que hoje será uma feijoada regada a cerveja, muito suor, bom samba e pouco café. A festa é paga e a camisa individual muda de preço a cada dia e hoje alcançou os US$ 70.

Muitos sábados e domingos nossos foram de almoço no Pereira. Muitos planos já foram feitos em suas mesas. Muitos aniversários comemorados, muitos chopes com amigos e muitos reuniões de trabalho.

O Pereira sempre pareceu ter a idade de quem escolhe sentar lá e assim sentia até hoje, quando descobri que nem foi cogitada a minha ida a feijoada: - Não é coisa prá minha mãe! Estou velha para ir ao Pereira hoje.

Tomara passe o carnaval e o Pereira volte a ser contemporâneo de todos e eu possa sentar,  sem frescuras, em suas mesas e beber, comer , paquerar, rir, ou mesmo ficar confabulando com meus botões, essas coisas que nós velhos sabemos e  temos prazer em fazer ao sabor de um bom café.

Salve Nossa Senhora dos jovens enganados porque a velhice é para todos!
 
P.S: A foto  já tem 3 carnavais e foi feita no bailinho das crianças no sítio de Aninha.

  

 

Café confesso: Uma vida contada em 18 cm!

Botem termos na imaginação porque não é bem o que podem estar pensando. Tomo um café e fumo um charuto e já lhes explico com toda calma.

Nunca imaginei que pudesse descrever as minhas paixões e conquistas em tão pouco espaço. São meros 18 cm e nem são 18 cm x “alguma coisa”, tipo: -  cm x coluna, medidas para matérias em jornais e revistas ou mesmo 18x27cm, como o tamanho de um álbum de fotos.

Em verdade, consegui colocar em 18 cm de uma pulseira e alguns poucos berloques, tudo que sou, gosto e alcancei. Trata-se de uma destas pulseiras/braceletes estilo europeu em prata e esmalte e nela vão as minhas paixões e minhas conquistas.


As paixões: - uma cafeteira em miniatura – igualzinha a da mãe do Zito do Arrozcatum – para lembrar-me da minha paixão por café e que amigos se faz em qualquer idade e que, para isto não há fronteiras, nem oceanos;
- um pedaço de bolo de chocolate, porque só aprendi a fazer bolo depois dos 50 e como muitas outras coisas, faço bem e bem melhor depois de mais velha;
- da combinação do bolo e do café nasceu o caféebolinho e a nossa prosa gostosa. Assim, venci a barreira de escrever porque é preciso exercitar para aprender;
- uma máquina fotográfica porque amo fotografia, apesar de como diz o maldito ditado “em casa de ferreiro, espeto de pau”, nunca botei uma foto no blog;
- uma matrioska para lembrar as minhas filhas, nossos processos de ascender e descender;
- 6 pequenos corações em um anel para lembrar cada um dos meus companheiros vivos, morto ou esconjurado;
- uma bolsa porque adoro bolsas, mas  aprendi a controlar meu impulso de comprar o que gosto;
-Um murano rosa porque toda paixão que se preza começa rosinha!

Do lado das conquistas são outros 500, ou outras 500 reencarnações até chegar ao reencontro com a Fraternidade e para representar coloquei: - um símbolo do“Om”, o som sagrado, o Mantra dos Mantras porque encontrar um Núcleo da Fraternidade mudou o sentido da minha vida;
- Um frasco de perfume de rosas, porque quando nasci Nouredini, banhei-me em água de rosas e com ela perfumo minhas vestes. Tenho perfume de rosas de diferentes marcas e preços, porque só importa ser de rosas. O primeiro foi um ROGER&GALLET presenteado por Paulinho – senhor de um dos seis corações e o último um da Zara, presenteado por Cissa, minha filha;
- Uma mascara de teatro com um lado triste e o outro sorrindo porque aprendi com meu Mestre que a vida é feita de momentos alegres e tristes unidos – tudo é mutável!
- Um carro. Perguntariam um carro deste lado? Aprendi a ter disciplina e que  o "medo é um lapso de tempo da mente afastada de Deus"; Ter foco e objetivos e a construir as condições concretas para realiza-los. Dominei o medo e aos 52 anos, quatro carros comprados e vendidos sem usar e mais de 25 anos de habilitação, estou dirigindo diariamente – é fato que dirijo mal, mas dirijo... rsrsrsrs;
- outro murano rosa, um rosa mais apurado e com pequenas listras, porque rosa é a minha cor;
- um simbolo do Tao. O tal do Tao, que nos ensina  como tudo se transforma e pode ser positivo e negativo, sem ser necessáriamente bom ou ruim!
- um murano lilás, para ratificar tudo que tentei expresar.

Assim, eu que coloquei toda esta história de vida em 18 cm de pulseira, precisei de quase 600 palavras e 2, 5 mil caracteres para explica-la.

Não é a surpresa que uma das marcas destas pulseiras é Pandora e a outra Vivara. Tá explicado, só pelos nomes!
Enfim, uma foto direto da webcam, antes uma ruim que nunca!

 

Beijos e sintam-se representados.


P.S. acabo de receber uma foto dos farelos do pão que mandei para os colegas das minhas lancharem (adoro fazer pães). Meu Cristinho será que terei que pendurar um pãozinho junto com a cafeteira?