28 de ago. de 2013

Aos muitos cafezinhos tomados.


...e  um ano se passou cheio de alegrias, tristezas, perdas e ganhos como é a vida! Neste ano  aprendi ou reaprendi, que aqueles que escrevem suas mazelas, delas se livram mais facilmente. Aprendi também, como é bom partilhar alegrias e vitórias, curiosidades e até  partilhar indignações. A magia do mundo virtual que une pessoas, das quais conhecemos apenas fotos, textos, palavras e imagens do outro lado da tela, sem conhecer-lhes os contextos de vida, é fantástica!

Em um ano de café e bolinho, confesso: - encontrei a minha outra metade. Encontrei a outra banda de mim mesma, nas lembranças, nas brincadeiras, na abertura para aventura de escrever, ainda que mal, mas escrever o que sinto, penso, vejo ou desejo.

Assim, o que começou mais com receitas que com resenhas foi-se enredando com as minhas memórias e o meu cotidiano, se imbricando de tal maneira, que já não se dissocia de mim. O café e bolinho é o meu grito, meu confessionário, minha sessão de terapia e meu santuário. Santuário em honra a vida diária, a minha lida e a de todos, que se esforçam para manter-se sanos, éticos  e produtivos. Como diz o Mestre, para isto - tudo é valido!

Neste reduzido espaço de pagina e de imenso alcance, que nem sei mensurar, fiz amigos sinceros. Amigos íntimos, que mais sabem de mim que muitos familiares, amados ou colegas. Como se faz com os amigos e só com eles, declarei amor insano, arrependimentos, retornos, vacilos e achaques.

Fui eu mesma em todos os posts, todos os dias. Ainda que não tenha postado todos os dias, me dou conta que as principais coisas deste ano, desfilaram por aqui. A família, os amigos, o amor – o encontro e o desencontro,  as vitórias e as perdas, perdas de pessoas queridas e dos desconhecidos, principalmente os vitimados pelo descaso.

Falei ( escrevi) muitas abobrinhas, cometi gafes, assassinei a língua – que tem sete vidas e se reabilita – mas falei. Postei em intervalos roubados do horário do expediente, da cama, do celular, com sono, sem sono e , por vezes, fotografei só para postar.

Foi assim, a cada dia, construído este canal. Sendo canal não podia faltar falar da Fraternidade, com a discrição, que o assunto pede. Houve pitadas de ensinamentos, pelos  entremeios dos textos, breves observações e o que recebi na FBU, tentei pincelar, dentro da minha limitação.

Não poderia finalizar o mês sem fazer referência a esta trajetória de pouco mais de ano, onde meus dias são povoados de visitas anônimas ou declarados. Por aqui passaram amigos, familiares, colegas e até o ilustre seu Augusto. Fiz amigos novos do outro lado do oceano.
Fui encantada e lisonjeada pela frequência e a presença de alguns.

A referências de visita e vizinhança mudaram para mim. Recebo e visito, diariamente, amigos “3x4” , com suas  pequenas fotos em seus blogs, que me conhecem muito melhor que meu vizinho de porta ou colega de escritório. Se desapareço por 2 ou 3 dias, tenho quem me procure e especule se estou bem. Há que me conheça pelo sorriso numa foto, um olhar mais triste ou mais alegre.

Isto é comunidade, fraternidade, amizade, carinho e amor na veia, todos os dias quando vou  tomar meu café e bolinho. A isto tudo, meus queridos, só posso dizer obrigada.

Beijos a todos e prometo estar disponível , sempre haverá um cafezinho recém passado esperando por vocês!

Beijos, votos de paz e harmonia
Todo meu respeito,
Nouredini.'.


  
 




Este é o meu amigo Zito do Arrozcatum.blogspot.com. Espero que todos que por aqui passaram,  sintam-se homenageados através desta imagem. Obrigada!
 



25 de ago. de 2013

Nas xícaras de ontem...


O texto não é meu. O enredo é meu, seu e de muitos amantes.
Não há porquê  acrescer ou retirar nada, ele é perfeito em forma, cores,  desejos e dores.
Perfeito na alegria das certezas e da esperança de assim tornar, o incerto.
De certo, quem o escreveu foi de uma bevolência imensa e o partilhou com todos que assim sentem.
A este autor desconhecido, mas que me conhece tão bem, dedico meu cafezinho da tarde.
Recomendo apreciar o café  junto com um charuto e longas e pensativas baforadas!!!

"Eu sei que atrás desse universo de aparências,das diferenças todas, a esperança é preservada.
Nas xícaras sujas de ontem o café de cada manhã é servido. Mas existe uma palavra que não suporto ouvir e dela não me conformo. Eu acredito em tudo, mas quero você agora!
Eu te amo pelas tuas faltas, pelo teu corpo marcado, pelas tuas cicatrizes, pelas tuas loucuras todas,minha vida.Eu amo as tuas mãos, mesmo que por causa delas eu não saiba o que fazer das minhas.
Amo o teu jogo triste e as tuas roupas sujas é aqui em casa que eu lavo.Eu amo a tua alegria mesmo fora de si, te amo pela tua essência e te amo até pelo que você podia ter sido, se a maré das circunstâncias não tivesse te rebanhado nas águas do equívoco.
Te amo nas horas infernais e na vida sem tempo... Te amo pelas crianças e futuras rugas.Te amo pelas tuas ilusões perdidas e teus sonhos inúteis...Amo teu sistema de vida e morte, te amo pelas tuas entradas, saídas e bandeiras e te amo desde os teus pés até o que te escapa.
Te amo de alma para alma e mais que as palavras, ainda que seja através delas que eu me defendo quando digo que te amo mais que o silêncio dos momentos difíceis, quando o próprio amor vacila"
Por Maria Bethânia - Autor desconhecido.

este é charuto que me fará companhia no cafe!

Café e sorrisos.

Ontem, preparei um caldo de lagostim e bebi, bem quentinho, antes de dormir  para  tentar curar esta maledeta gripe e hoje, fui flagrada sorrindo no primeiro cafezinho do dia!

Terá sido o caldo,  sua substância ou as lembranças?! 

Pergunta feita, reflexão exigida e concluo, não sobre o fato, mas sobre o desfecho, que tem coisas que nunca se esquece...

- Sorrir de olhos fechados e igual a beijar de olhos fechados,  mil vezes melhor!

Salve N. Senhora das Memórias Curativas.

Beijos amigos e para  vocês  o meu sorriso e o sabor das boas lembranças,  em especial a você Zito , que tanto se preocupa com meu bem estar e Dilita, obrigaada pela visita.


22 de ago. de 2013

café "requentado"

Gal Costa
Vapor Barato (Com Zeca Baleiro)

Oh! sim!
Eu estou tão cansado
Mas não prá dizer (..)
Que eu não acredito
Mais em você...

Com minhas calças vermelhas
Meu casaco de general
Cheio de anéis...
Vou descendo por todas as ruas
E vou tomar aquele velho navio
Eu não preciso de muito dinheiro
Graças a Deus!
E não me importa, Honey (...)


Ando tão a flor da pele
Qualquer beijo de novela
Me faz chorar.

Ando tão a flor da pele
Que teu olhar
Flor na janela
Me faz morrer. (...)


"É urgente passar do reinado
das coisas ao primado dos afectos…"


Ontem, este era o conteúdo de  um dos posts do Arrozcatum.blospot.com do meu amigo Zito Azevedo - uma mistura de indignação, alerta, tristeza e muito saco cheio! Do alto dos seus 79 anos bem vividos e cheio de energia, Zito posta diariamente,  comentários sobre a vida , curiosidades, política, prazeres e  raridades e ontem capitulou ante a desordem de prioridades que damos a vida.
 
Em resposta ao que escrevi para postagem dele  - De tão intenso e urgente, fico sem comentários -  ele disse: "A ideia é essa...dar um soco no estômago das pessoas que dão tudo e esquecem o afecto, que não custa dinheiro!"
 
Nunca o vira indignado desta forma, e creio que o senso de urgência aumenta com a idade, porque começo amigo, a me sentir assim também. Envelhecer traz uma cadência  diferente aos valores que primamos.

 
Hoje, vindo para o trabalho ouvia um antigo disco de Gal  e a letra casou com o estado de ânimo de Zito, um estado nosso quando as emoções já não se contem no coração e  no fígado e se transportam, seja para os olhos na forma de lágrimas, seja para suor na forma de ira ou na espuma que sai pela boca dos encolerizados.

 

Meu amigo, somos assim sete corpos e o corpo das sensações e das emoções por vezes dominam, principalmente quando o filme se repete por tantas vezes, de tantas formas, onde o humano é cada vez mais banalizado. Os valores estão invertidos.

 
Amigo, este é o velho gosto do café requentado que bate a nossa língua e nós, ainda bem, explodimos! Temos sentimentos, senso de respeito, estamos vivos e não queremos ser meros expectadores. Sendo seu blog tão visitado, ele o lugar de fincar sua bandeira, seu forte de resistência, seu ponto de força de onde resistirá até o último momento.

 
Obrigado amigo por ainda ser um guardião dos valores!

 
Beijos a você e sua trupe, que alegram nossos dias e enche de esperança nossas  vidas.


...meus velhos quadros, uma lembrança da minha velha cidade, de um tempo de candura maior!

 

 

21 de ago. de 2013

Para mãe de ZeZa - Carinho, café e silêncio.

 Agora, eu sou uma estrela!


 
Agora, o braço não é mais o braço erguido num grito de gol.
Agora, o braço é uma linha, um traço, um rastro espelhado e brilhante.
E todas as figuras são assim: desenhos de luz, agrupamentos de pontos, de partículas,um quadro de impulsos, um processamento de sinais. E assim — dizem — recontam a vida.
Agora, retiram de mim a cobertura da carne,escorrem todo o sangue,afinam os ossos em fios luminosos,e aí estou, pelo salão, pelas casas, pelas cidades, parecida comigo.
Um rascunho.
Uma forma nebulosa, feita de luz e sombra.Como uma estrela. Agora, eu sou uma estrela.



Em homenagem a uma mãe jovem, trabalhadora e cuidadosa, que partiu hoje, deixando seus 5 filhos pequenos ao sabor das nossas preces, dedico este poema de Fernando Faro constante do álbum  - O Trem Azul de Elis Regina; o meu silêncio e o meu respeito.
Para você que sobrevivia de "café e bolinho" para sustentar a sua família, nossa homenagem sincera!
Beijos minha querida, você fez a sua parte, agora a vida conduzirá da melhor forma!

Shanti.

 












18 de ago. de 2013

Comidinha leve para o corpo mole e o coração moído!

Ontem postei no Facebook uma foto do meu almoço na cafetaria Feito a Grão e intitulei a postagem de" comidinha leve para um corpo mole e um coração moído".

Antes que digam que abandonei o blog pelo Facebook, podem parar. Vamos tomar um cafezinho do cerrado do Goiás , que ganhei da última viagem de minha irmã a Brasília e explico-lhes. Chic toda! 

Estou exatamente a uma semana gripada, mole, com dores e todas as mazelas da gripe.  Parada na cama por dias , lancei mão de tudo que estava ao meu alcance, ou seja, meu celular  - uma das poucas coisas que consegui fazer sem esforço e assim , passei a visitar com frequência o Facebook.

A dinâmica do Facebook é muito intensa,  rápida e única.   O imediatismo dos comentários,  um clic e segundos depois  tem respostas  É bem diferente dos blogs!

Assim , eu que conto com poucas mas honrosas visitas, me vi com até 5 comentários seguidos de uma única frase postada. É bom, mas é preciso tempo, disposição e cuidado porque é viral e.... flecha lançada....

Explicado!

Voltemos a nossa conversa que tem um pé  no Facebook  e outro aqui: - uma  amiga curtiu a foto do almoço e  comentou: " se souber o que fazer com um coração moido, avise".

Reapondi lá e voltei aqui para meu cantinho ,  onde fico a remoer as minhas coisas e aproveito para partilhar a resposta dada : -Vou fazer uma almôndega, assim ele continua gostosinho e atrativo e,  quem sabe, para de sofrer!

De volta a minha cadência e ao ritmo de apreciar a vida através da fumaça do meu café, que nas horas mais difíceis,  no mínimo me aquece as mãos e nas alegrias brinda em goles a minha vida dando-lhe o compasso da justa medida da batida do meu coração, aproveito para agradecer aos que povoaram os meus dias febris.

Deixo beijos especiais para os que encontrei ou reencontrei nestes dias e me oportunizaram muitas alegrias e sobrtetudo, o melhor dia dos pais dos últimos anos.

Beijos Dora e Dorinha, Márcia Aragão,  todos os primos Rolemberg, meu cumpadi Cadito, meus irmãos,  lena e joana, minhas filhas, Ninha e Noca, Climaco, Lu e senhora, Adriana Godoy , jacy sande e muitos outros que comentaram e curtiram links, fotos , pensamentos.

Queria muito trazer todos para cá.  Convite feito,  espero que aceitem.

Aproveito para agradecer ao fiel e frequente amigo Zito que mandou e-mails e cuidados durante a minha convalescença.

Adoro vocês e por isto são convidados a virem tomar café comigo! !!

Beijos, Shant


P S As fotos são da comidinha de ontem, das floes que minha irmã recolhe; minhas filhas com o pai e o irmão;  meu filho do coração e a netinha que ele me deu.um; video sobre oxum,  uma linda senhorinha e seu instrumento.  Todas do Facebook nesta última semana..

9 de ago. de 2013

Peras com queijo da Serra da Estrela no café da manhã.


Para um dia que começou torto e conturbado, nada melhor que um bom café da manhã e a Providencia  Divina, que tarda, mas não falha, trouxe o meu agorinha às 10h. Um manjar dos Deuses ofertado por Zito Azevedo e complementado por seu irmão, não menos gentil, Tuta Azevedo.

Hoje a minha filha tinha exames complexos, o horário estava apertado, e um bendito contrataste exigiu que tudo fosse remarcado para próxima segunda, quando será internada por medida preventiva. Já viu, que o café foi para o espaço, o humor para dedão do pé e a cabeça ferveu que nem chaleira.

Recomposta ou pelo menos tentando, segui para o trabalho ainda sem tomar o café da manhã e, por um sopro dos anjos, resolvi dar uma olhada no blog, antes de iniciar a correria do dia e lá estava postado o meu café da manhã, traduzido em fotos de variedades de peras, algumas  que nem conheço e com a devida dedicatória para mim. Além do post, os comentários dos irmão Tuta e Zito completavam a cena, com Tuta a sugerir um queijo da serra para acompanhar e Zito a por dúvidas se eu o encontraria aqui no Brasil.

Gente, meu café veio de Sintra – Portugal!

Respondi  aos meus gentis amigos com a mais pura verdade do meu coração :

Bem, não sei o que mais faz água: - a minha boca, pelas imagens das peras ou os meus olhos pela homenagem!
Meus meninos, vocês enchem meu dia de alegria, obrigada.

Costumo comer peras à  noite na cama, enquanto espero conversas pelo vidro, que nem sempre acontecem. As peras  me acalmam e me adoçam.




Quanto ao queijo, aqui temos um assemelhado que se chama Serro e cuja receita veio daí Serra da Estrela no século XVIII e segundo registros, é mais úmido e também mais ácido. Nunca o comi.
 
Como as peras com gorgonzola.  Aliás,  um dos risotos que adoro é o de peras com gorgonzola, servido na Cafeteria Feito a Grão, que fica na Livraria Saraiva, aqui em Salvador.

Uma junção perfeita, livros, café, pera e queijo. Melhor que isto só Zito, completado por Tuta, para começar o dia!

Obrigado e doravante  todas peras terão  sabor de amizade, cuidado e carinho!!
 
 
 
blog : arrozcatum.blogspot.com
Do Mundo para o Brasil, na pessoa da amiga Nouredini, de S.Salvador da Bahía, apreciadora de peras, entre outros prazeres!

 








 


 

7 de ago. de 2013

Conversas pelo vidro.



A vida é feita de momentos alegres e tristes unidos. As memórias seguem a mesma lógica, alterando associações de fatos negativos e positivos,  lembranças alegres e as  amargas. Isto não é ruim. Trata-se de polarização, um recurso que temos e assim, podemos vencer as adversidades.

Ontem tive duas lembranças sucessivas, experimentei o sentimento de ambas  e as  chamei de conversas pelo vidro – a primeira delas era de uma série de desenhos animados  em 2 D - Os Jetsons (Adoro desenhos chapados e odeio os em 3D).

Quando criança tínhamos nos Jetsons  e sua visão futurista, uma ideia  de como seria o nosso mundo quando  adultos.  Lá, não lembro qual era o ano,  as pessoas já conversavam  em vídeo  conferência, para nós: -  pelo vidro! Meu Deus, as pessoas se viam enquanto falavam, isto nos parecia fantástico!

A outra lembrança, mais amarga, vem cenas de filmes, conversas de prisioneiros em enlatados americanos, onde as pessoas, em dias de visita, conversam pelo vidro sem poder se tocar. Tem sempre uma cena de mãos que se encontram entre os vidros. Aquilo me causava uma angustia, uma aflição de ver e poder não tocar.

A mistura destas duas lembranças  brotou   após uma conversa ao telefone ontem,  quando me dei conta que o futuro dos Jetsons já chegou e acabara de conversar, pelo vidro, via Skype com Paulinho. Lá estava ele ao alcance dos meus olhos. A veracidade da imagem conforta e faz a conversa real, mas uma conversa entre vidros como nos filmes e a angústia se instala.

Sempre é muito bom conversar olhando para outro, lendo as entrelinhas das  rugas e vez por outra, me pegava tocando a tela para ler o  rosto dele e guardar na memória. Assim duas lembranças se misturaram no presente, um passado que se fez presente e um futuro que que já nos alcançou. Uma alegria e uma tristeza unidas.

O saldo é positivo, porque polarizei e fiquei com o melhor.
Obrigada pela visita, amigo querido.  Obrigada também, ao amado por se permitir, ainda que  por breves momentos,  mostrar-se. Ambos são sempre bem-vindos.

Você, “vocês” conseguiram colocar mais quadro na colcha de retalhos da minha memória de menina e mulher, assim misturadas, horas alegre e horas nem tanto, mas caminhando!

Isto merece um bom café!

imagens da internet sem autorização de uso, que podem ser retiradas se solicitado
foto da tela skype em 6/8/2013

4 de ago. de 2013

Café, amor e cinzas.

São 5 horas de um dia que  anuncia será nublado e um tanto frio  - o termômetro marca 21 graus. Levanto, faço uma reverência e parto para o primeiro café forte, o único capaz de por meu juizo em ordem.

Tomo um banho rápido com cheiro de rosas e me visto de branco. Volto as reverências e desta vez, já lúcida pelo café,  completo minhas vibrações.

Estou saindo para uma cerimônia na praia, onde devolveremos a natureza, lançando ao mar, as cinzas do meu Mestre.

Um sentimento confuso  me ocupa porque só penso e sinto-a viva! Parece nao casar o que vejo, com o que sinto.

Sei que as cinzas são o que ficou do seu corpo físico,  dos seus lindos e faiscantes olhos azuis, dos cabelos prateados pelo tempo. Ainda ouço o seu - Shanti,  filha! .

Agora, na beira do mar vendo o pequeno helicóptero de aeromodelismo despejando suas cinzas nas ondas mais distantes e tendo nas mãos uma vareta de incenso fumegando, sinto falta de um café forte, uma caneca quente entre as mãos. 


A brisa fria do mar se confunde com meu estado d'alma. Murmuro um Om, quase inaudível e agradeço pelo muito que recebi.

Ali olhando o mar com uma cor tão indefinida como o que sinto, digo para mim mesma: - deixamos as cinzas Mãe,  mas a Senhora volta comigo, onde sempre esteve, no meu coração e na minha mente.

Chego em casa, outro banho e faço outro café.  Com a xícara quente entre as mãos,  olho a sua foto no meo Ponto de Força e tenho a sensação que a Senhora sorri e diz, mais uma vez,  o que " está acima é igual ao que está em baixo e o que esta em baixo é igual ao que está acima  para o milagre de uma só coisa".

Obrigada Swami.

Shanti Om Namah Om, 

Nouredini.'.

1 de ago. de 2013

Prateleiras e balcões da memória, nem sempre cheiram a café.


Sou uma prateleira de frascos vazios, afirma Fernando Pessoa no Livro do Desassossego. Fico imaginando a cena, pensando em frascos vazios empoeirados, perdidos de sua utilidade primeira!



Outrora foram cheios, mas cheios de quê? Perfumes? Primeiro, pensamos no que nos é agradável e depois desfilamos possibilidades, pontuando sempre entre pensamentos negativos e positivos: - venenos, sanativos, curativos, porções malignas, óleos essenciais...
...cheios daquilo que ocupa nossa mente no momento, que nos domina ou nos escraviza na forma de prazer ou dor. Empoeirados ou opacos pelo desgaste da memória, limpos e reluzentes em cores verdadeiros ou nas que só existem no furta-cor do nosso cômodo imaginário.
Se verdadeiros, se existiram um dia, poderemos ter derramado os medos, as dores e, por descuido, juntamente, as alegrias , os amores e assim, passamos a nos sentir meio “Fernandos Desassossegados” – prateleiras de frascos vazios!
Como ele mesmo disse, “Quem sou eu para mim? Só uma sensação minha."
Ainda bem que hoje não me faltou café, senão era um caos completo!