Os alemães pegaram o Brasil, mas o alemão não me pegou.
Explico!
Hoje em meio em reunião tivemos que localizar uma minuta de
negociação de um contrato que ocorreu em 2006. Não era um documento definitivo
e que coubesse estar nos arquivos oficiais, era minuta primeira – parte de um
processo de negociação ocorrido há 8 anos.
Correu de um lado a secretária sessentona e eu quase lá e
num zas-trás tiramos dos nossos arquivos o malfadado documento. Nossa memória
não nos traiu nem por um momento e o alemão do Alzheimer não nos deu uma goleada, se quer passou por
nossa defesa rápida e eficiente.
Rimos do fato, fizemos troça e piadas. Afinal, as velhinhas
estão em forma, para mim mais que isto, uma mariquinha desorganizada ainda
tenho domínio sobre meus papeis. Credito
o fato ao cafezinho diário, aliás aos muitos.
Tenho uma boa memória de longo prazo, mas em contrapartida
só capaz de perder óculos, chaves, documentos etc. Pego aqui e largo alí, num
lugar inimaginável. Tenho treinado a atenção para minimizar estes fatos e até
tem surtido efeito.
Quando se trata de lembrar coisas passadas faz tempo lembro-me
da cena com riqueza de detalhes. Ainda na sexta passada experimentei uma destas
memórias ao entrar na sala de aula com minha filha. Era a defesa da dissertação
dela e eu e o pai fomos levados a escola por ela.
Assistimos a defesa entre o vagar de lembranças do primeiro
dia da escola, a formatura do abc, a
entrada na escola técnica, os gritos de passou no exame vestibular, a entrega
do diploma e a pós-graduação. Ouvimos
atentos para registrar na memória a leitura da ata da banca examinadora que lhe
conferiu o grau de Professora Mestre.
Assim dos pedaços alegres e dos tristes da vida tenho memórias
arquivadas e também gavetas para coisas aparentemente inúteis como arquivar um
velho documento em 2006 e hoje sacar uma caixa arquivo, sacudir a poeira e
coloca-lo, não sem um sorriso vitorioso, sobre a mesa do chefe e depois tomar
um cafezinho para comemorar.
Professora Mestre Cissa Bezerra
O melhor porta retratos é a memória