29 de nov. de 2014

Café com banana passa feita com paciência

Queridos,
...falando em "passa" e paciência, tava lembrando esses dias que era epoca de nossa mãe cortar banana em tirinhas...
Ela colocava nas assadeiras e ia ajeitando na nesga de sol que o verão trazia para  a janela da sala. Cobria com filó para a mosca não pousar... ia ajeitando, todo dia, acompanhando o sol ao longo da tarde.
Quando acabava o verão ela tinha um potinho de "banana passa", temperada  com muita paciência, que dividia com as "visitas" e comia com uma alegria, que sempre tive a impressão que fazia cocegas na boca...
Essa gostosa lembrança que partilho com vocês veio através de um comentário  no facebook feito por meu irmão Wálney.
O assunto era sobre a foto abaixo e eu tenha colocado como enunciado da foto: -  Tudo passa e a paciência tudo alcança. Pois é mano, no mínimo alcançou boas memórias que agora fazem companhia ao meu cafezinho de final de tarde.

Nossa mãe era um figura impar!

21 de nov. de 2014

RSVP para um café em novembro de 2039


Quando criança a maior das especulações nem era o ano 2000. Assistíamos o seriado norte-americano “Perdidos no Espaço" e nos anos 60 imaginamos que em 20/25 anos nossas roupas seriam de papel e nossa comida viria em comprimidos.

Em verdade, a vida se dá noutro ritmo menos imaginativo e lá se vão 39 anos que me casei e mesmo com as muitas mudanças e facilidades, principalmente das comunicações,  ainda tenho muitos hábitos, amigos e até pertences daquela época.

Trago tudo isso a tempo e aqui  para iludir-me de que já já chegará novembro de 2039 e pagarei a última prestação do recém assinado contrato de aquisição do imóvel, do qual ainda não recebi as chaves. Hoje uma forte dor de coluna lembrou-me da minha idade e o arrumar dos pertences tem sido sinais diários de que o tempo passando é uma realidade.

Como estarei daqui a 25 anos eu não sei, aliás, nem sei se ainda estarei usando estas roupas provisórias de Nouredini e se os terei por perto, então o melhor a fazer é convida-los logo para o café comemorativo da posse efetiva do imóvel,  no hoje, ainda que só se dê de fato em 2039.

Assim, estão  todos vocês  convidados para tomar, em final de tarde, café preto, com leite, coado ou expresso, forte e fraco, acompanhado de bolo simples, pão quente feito por mim, com e sem recheio,  manteiga ou pastas de queijos locais com e sem ervas do jardim, em mesa colocada na área externa por que estará chegando  verão e será fresco e agradável lá fora., afinal será novembro de 2039.

Como já estaremos limitados pelos achaques da idade, não se preocupem porque o acesso é fácil e térreo. A porta é larga e passa andador e cadeirantes. Manterei contagem regressiva anual na tecnologia que existir a época  e vou tratando de lembrar-me e lembra-los.

Se eu ficar pelo caminho, peço que aos que lembrarem, inclusive as minhas filhas,  onde estiverem que tomem um café festivo e brindem a essa vossa amiga, que se encontra muito feliz em fazer planos e ter conquistado com muita luta este momento. Onde estiver darei o meu viva pela casa e por vocês serem fies.

Sempre lembro do que diz o  Mestre Thay e creio que será oportuno na data: 
" Este corpo não sou eu; eu não estou preso a este corpo, sou a vida sem limites, eu nuca nasci e nunca morri. Desde os tempos sem inicio fui livre. Nascimento e morte são penas a porta pela qual entramos e saímos. Nascimento e morte são apenas um jogo de esconde-esconde. então sorria para mim, pegue a minha mão e dê adeus. amanhã nos encontraremos de novo ou ate mesmo antes. Estaremos sempre os encontrando novamente na verdadeira fonte, sempre nos encontrando nos inumeráveis caminhos da vida"

Até lá e juntos, de alguma forma, tomaremos nosso café!



13 de nov. de 2014

Café das meninas

Hoje é um dia festivo porque é dia de aniversário na família de D. Neide e Sr. Vavá. Aniversário duplo de uma filha - Neiva e uma neta, Lena Vitória.

Meu pai era pobre e aprendeu a ser econômico para sobreviver com dignidade. Sabia que comprando em dúzias as coisas saiam mais baratas. Se não fosse dúzia, levava no mínimo 2 peças para pedir desconto. Assim, duas festas no mesmo dia até parece coisa dele, um bolo e duas velas, sem dúvidas, mais em conta. 

Ambos devem estar felizes lá no céu e a dizer que Neiva já é sessentona e nem parece e que Lena já está em idade de juízo!

Lena é a primeira filha de meu irmão, filho único homem, caçula e temporão e não lhe faltaram mimos, salvo por ter perdido ainda novo nossos pais. Hoje Walney, também pai de João Manuel, se orgulha da filha do primeiro casamento enquanto denga o mais novo, a quem dedica todo seu tempo. Lena, muito independente, por força dos estudos mora só em cidade próxima de nós e em breve, será psicologa.

Nós - as meninas de D. Neide -  Neima (61), Neiva (60) e eusinha (55) estamos envelhecendo bem e diria que muito bem, se comparado aos nossos próprios pais, cuja saúde faltou bem cedo. Temos nossas encrencas e passamos nossos sustos, cirurgias e achaques, mas na média estamos bem e criamos com dignidade as filhas.  Ressalto filhas porque qual nossos pais, só tivemos meninas nesta primeira leva de netaria!

Voltando as economias de Sr. Vavá e ao clássico jeitinho de D. Neide, que sempre conseguia fazer algo bonito com muito pouco, mais um evento se soma ao dia e Agnes, a minha filha mais velha, defenderá hoje sua dissertação de Mestrado. Motivo de orgulho para mim e para eles.

Como tudo acaba em café e bolinho nesta família, no final da tarde, tomaremos café, comeremos bolo por 3 bons motivos e daremos vivas a Neiva, Lena Vitória e Agnes, desejando a todas vida longa, saúde, paz e muitas realizações.

Pai, mãe, continuamos fazendo a lição de casa direitinho e sempre que podemos economizamos, mesmo nos grandes eventos!



Foto colhida na web , sem autorização do autor e poderá sr retirada de imediato por solicitação do mesmo

6 de nov. de 2014

Café padronizado só ajustando a máquina.


Alguns Projetos como o nosso e em fase inicial aqui no Brasil tem nos visitado para observar um pouco da nossa experiência. Estes intercâmbios são interessantes e trazem bons resultados. Entretanto, apontam internamente algumas fragilidades. Se por um lado temos o que mostrar, por outro ao prepararmos estas vindas fica claro as dissidências, os afastamentos e a dificuldade ao nos reunirmos para planejar.

A nossa equipe não tem chefe imediato, responde diretamente ao Coordenador  do  Projeto e  produz conforme as habilidades, conhecimentos e experiências de cada membro. Somos um time que temos de tudo um pouco: - os com boa experiência em extensão e planejamento a nível macro, especialização em gestão da informação,  os de visão mais regionalizada e com forte experiência em instrumentos qualitativos de avaliação, os que por força de formação conhecem pesquisa, os conhecedores de sistemas informatizados e de georreferenciamento e bom domínio de ferramentas.

Nosso coordenador e bom líder sabe tirar de cada um, o que de melhor podemos lhe ofertar. Entretanto, com o aumento das demandas administrativas e técnicas para dar inicio a um novo projeto, temos carecido de uma liderança interna e as distorções e diferenças tem aparecido muito frontalmente. O ambiente antes saudável, onde o trabalho era o da  oportunidade e do competência individual, tornou-se território dos buchichos, conchavos e até uma certa falta de educação doméstica.  

Particularmente, sou afeta a aura e harmonia dos ambientes e estes momentos me fazem um profundo mal. Com isto não me isento de estar contribuindo para a desarmonia. É fato que a idade aproxima as pessoas e os jovens tendem a andar mais juntos e se articularem, mas isso é reservado aos espaços pessoais. No trabalho devemos respeitar a todos e partilhar as decisões.

A equipe mista, com jovens de trinta e poucos anos, quase cinquentões e eu já bem passada dos cinquenta  está rachada em partes desiguais. Quem ganha e quem perde não é só no campo pessoal, o fato é que a equipe não está produzindo com qualidade, acaba por negligenciar prazos ou qualidade e esconder trabalhos ou se assenhorar de resultados. Agora, as vésperas de uma visita, poucos sabem o que vai correr, não preparamos um material coletivo e vamos fazer feio na próxima semana.

Bem diz o ditado popular que em time que esta ganhando não se mexe, mas a última mexida desregulou a máquina e agora só cápsulas  e medidas certas de água dosadas pela Coordenação poderão produzir de novo um bom café.

Oxalá, o chefe tome as rédeas e o café volte a ser bom!


                                  Semiárido, uma paixão - Foto: Fotógrafos da natureza

4 de nov. de 2014

Tomando café com desconhecidos


Até parece título de filme que já muito rendeu as bilheterias em todo o  mundo, mas o fato é que muitas vezes partilhamos o nosso dia-a-dia, senão com inimigos, com estranhos. Muitas das nossas horas da vida são consumidas  em pequenos e apertados escritórios e repartições, onde nem sem quem nos rodeia é intimo, amigo ou fraterno. Apenas colegas, no sentido estrito da palavra.

São no mínimo de 8 horas por dia e 5 dias por semana e 11 meses por ano, anos a fio e nos damos conta de  que o tempo nem sempre nos une, cria laços ou intimidade. Tenho pessoas do outro lado do mundo, que considero amigos, sem nunca ter visto, com as quais troco meia dúzia de palavras, mas divido alegrias e tristezas, mesmo sem ter sequer ouvido suas vozes uma única vez.

Com estas pessoas, muitas vezes separadas por um oceano, partilho meu café e tardes inteiras. Falo sobre lembranças de uma infância que não convivemos e de um futuro que imaginamos. Destas sentimos saudades e por vezes, até nos aborrecemos com uma palavra má interpretada ou  uma ausência virtual mais prolongada. Associamos estas pessoas, até certo ponto desconhecidas, a cheiros, cores, sabores e preferencias. Buscamos nos nossos espaços coisas e motivos que nos lembre delas.

Há também as pessoas com quem ficamos a meio termos, as quais conhecemos e estão até certo ponto próximas, sentimos saudades, mas um ou outro pretexto desemparelha nossos caminhos e rumamos em sentidos diferentes, até que um dia, por capricho da vida, nos batemos numa fila de banco, de votação ou mesmo num momento de tristeza da perda de alguém querido e ai saltamos nos braços destas, afagos, olhares, juramos um novo encontro e que nem sempre acontece, mas elas seguem ali, num lugar reservado dos nossos corações.

Então por que diabo não conseguimos nos aproximar dos que estão a meio metro de nós? a quem vemos todo santo dia? Partilho com estes cerca de  8 cafezinhos por dia e para mim café é coisa séria. Não posso continuar sem refletir sobre isto sob pena de ter que sacrificar o café.  Fecho-me em copas e em copos para refletir e voltarei em breve para lhes contar.

Direto da mesa do trabalho, num roubo de tempo pago com o dinheiro do contribuinte, eu Nouredini, me ponho a pensar.




2 de nov. de 2014

...e as xícaras cairam voando cacos para todos lados

"Saudade
Otto

Saudade quero ver pra crer
Saudade de te procurar
Na vida tudo pode acontecer
Partir e nunca mais voltar
Como um bom barco no mar
Eu vou, eu vou
(Julieta Venegas)
No tengo medo es la verdad
Y lo que sucederá
Podría perderme en esta felicidad
Cuando estás comigo
La distancia y el silencio
Son solo un instante que ya terminó
Saudade quero ver pra crer
Saudade de te procurar
Na vida tudo pode acontecer
Partir e nunca mais voltar
Como um bom barco no mar
Eu vou, eu vou"


Nunca diga nunca, nunca diga que é para sempre porque ninguém sabe o que pode acontecer. Pensar, repensar e até ceder não significa retroceder!

"É De Lágrima
Los Hermanos

É de lágrima
Que faço o mar pra navegar
Vamo lá!
Eu não vi, não, final
Sei que o daqui
Teimou de vir, tenaz assim
Feito passarim
É de mágica
Que eu dobro a vida em flor
Assim!
E ao senhor de iludir
Manda avisar, que esse daqui
Tem muito mais amor pra dar"

Que o amor que sempre as uniu aqueça vossos corações, derreta toda mágoa e vossas marés de  lágrimas lavem  as areias da praia da ilha sonífera ilha do amor incomensurável de ambas.
Que a paz e a luz do Pai as alcance e ilumine.

Tomo um café salgado pelas lágrimas, que teima em pedir licença ao nó na garganta tentando descer!

Agnes e Cissa, corações que batem em peitos invertidos de tanto amor!