31 de mar. de 2014

Nem ecologista, nem egologista!

Sei que a palavra egologista não existe. Trata-se de um trocadilho para um pensamento mesquinho e nada fraterno  que me ocorreu esta manhã, quando em meio ao solene engarrafamento matinal, ouvia notícias no rádio do carro: - Principais constatações do Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC, na sigla em inglês) divulgado nesta segunda-feira.

Em meio a notícias devastadoras, que ouvia atônita, sobre o nosso presente e futuro, uma delas me chocou. Meu Deus, as áreas de plantação de café tendem a diminuir drasticamente e nosso cafezinho está sob severa ameaça!

Como pode tamanho egoísmo! Diante de tantas notícias bombásticas de falta d’ água, aquecimento global, devastação de ecossistemas, mortes por fome  vinda de uma pobreza extrema e da escassez de alimentos, eu pensando no meu café!

Por ventura estou louca ou sai da razão? Nunca fui verde, ecologista, mas também não sou do tipo “destruidor do planeta” e até me esforço por uma conduta mais fraterna e vibro por um mundo mais justo e equilibrado. O que estaria me levando a estes níveis de loucuras, de individualismo extremado e insano?

Passei o almoço remoendo a questão até a exaustão. Revi condutas, discursos, mergulhei fundo no meu Eu e quase tive outro pico hipertensivo, tamanha a culpa e vergonha sentida. 

Chamei pelo Pai, apostei nas práticas aprendidas, respirei e concentrei sem brigar com a mente, sem julgar os pensamentos. As imagens iam e vinham e uma era reticente – uma xícara de café . 
No princípio, imaginei que não tinha encontrado o estado ideal da concentração desinteressada e que a minha culpa era a responsável pela imagem reticente. Mergulhei mais fundo na tentativa daquilo que um dia virá a ser meditação e,lá se veio a explicação: - A xícara de café!

Confuso? Não, era um Koan  porque a xícara de café era o problema e a resposta! 

O Meu comportamento é explicável. Sou um bocado egoísta, pouco verde, pouco ambientalista, mas a atitude de hoje é uma clara manifestação da
síndrome de abstinência em que me encontro pela  falta da minha ingesta diária de café.  Só penso em café, sonho com café e desejo café.



Hare Babaji, que alívio.





29 de mar. de 2014

Salvador, adoro você! sempre.

Salvador, 465 anos♡♥♡♥
A minha Salvador vaga no tempo e na lembrança dando saltos e piruetas entre o passado longínquo e até pertinho do presente.
Ela é feita de memórias que tem gosto,  cheiro e suor de boas paletadas.
Lembro de uma Salvador com a rua Chile de vitrines decoradas para o natal; da mulher de roxo; do pisca-pisca da fachada da Petrobrás na Jequitaia; da laranjada na Praça da Inglaterra; da lotação do 2 de julho - um largo cheio de flores e frutas e de um colorido inesquecível!
Lembro da  fila do Plano inclinado,  e da única loja para comprar pano de espreguiçadeira e cadeiras de dobrar, que até pouco tempo existia e se chamava -  A Sombrinha Moderna
.
Como esquecer das Padarias e confeitarias da Bx dos Sapateiros, em especial a da esquina da Ladeira da praça. E do pão preto da Favorita no Forte de São Pedro.
Lembro até do Viaduto da Sé!
Tinhamos Calçados da Familia  Pestalozzi e Ótica Viúva Neves e
A Lâmpada nos fornecia tudo que precisávamos. Na sua porta um gentil senhor vendia todo suprimento para canetas Parker e Compactor.
Compravamos  nos Os Gonçalves;  Florensilva; MKraychete de Bazar e nos varios andares da Sloper e das Duas Americas e Souto Maia era nome de loja e não sobrenome e sinônimo de chacina.
Quem não comprou na Mesbla ou passou um dia a pessear no Iguatemi quando inaugurou?!
Não faltavam lojas para comprar um brim sol a sol Santista, bramante ou percal, mas aviamento  só no armarinho S. Luis.
Tinha a Clarck calçados e depois chegou a Washi 70, mas antes já se afirmava que Adão não se vestia porque Spineli não existia.
No Cabeça iamos a Livraria Civilização Brasileira de seu Dermerval da Costa Chaves, grande livreiro, que tinha filiais nas Mercês e Ajuda.
O sorvete era na Cubana, assim como os bolinhos de arroz e na porta do Elevador podiamos comprar corda de balas/queimados e pedaços de doce de leite.
Ainda me  restam espaços para A primavera, as duas, a sorveteria e de instrumentos musicais e a torta de tapioca da Savoy na esquina do Cabeça.
Muitos cafezinhos de rua e boas cachaças no Mimosa. Seresta do New Fred's, batidas do Barcaça, sem esquecer da dase Diolino, é claro.
Lembranças  dos passeios se atroplelam na memória: - Itapoan, Jardim de Alah; Passeio público,  Humaita, sorvete da Ribeira, Trem, Plataforma; ônibus elétrico, Bomfim , Boa viagem, Porto da Barra, Cine Roma, Calçada,  Rampa do mercado; Mercados do Ouro, Sete portas, Feiras...incêndio de S. Joaquim!
Sandálias de couro fedido, saia rodada, FFCH São Lázaro,  pipoca, bicos, suores e alegrias.
Uma Salvador de andar na rua, estudar em escola pública, esperar ônibus sem medo. Sair cedo e chegar tarde e ser pobre com dignidade!
Uma Salvador  onde a  arma no carnaval era machadinha dos Apaches do Tororó.
Sou feliz com minhas memórias de  Minha Feliz Salvador.
Sou roxa de amores pela minha cidade!

20 de mar. de 2014

Talvez, um pouco tarde para Zanzibar!

Estou em casa por concessão do meu chefe que assustou-se com meu "piripac" de pico hipertensivo e PA de 23/18. Fui para emergência com direito a ressaca de remédios,  restrições e prescrições.

Confesso que o risco de de um AVC me assusta e lembrei-me dos percalços de saúde de minha mãe e me rendi a licença extemporânea. Já diminui o sal na dieta, vou retomar o controle alimentar,  passarei a ter uma noite livre na semana e cuidarei de fazer a minha própria comida, mas difícil ou quase impossível é cortar o café.

Tenho me esforçado para tomar apenas  4 e olha que acabei de comprar um nova maquina da De longhi e moedor Espressione. Todo esforço é valido no risco de ficar inválido!

Minha mãe tinha frequentes isquemias e Avcs que acabaram deixando-a sem a completa razão, muito cedo. Tenho a obrigação e a responsabilidade de me cuidar.

Restrições sempre nos aguçam a vontade daquilo que estamos impedidos e, frequentemente, tenho me pego pensando em levar um longo período viajando.

Nunca fui amante de viagens, ainda mais de viagens longas, mas alguns documentarios e amigos tem me despertado e levou-me a fazer umalista:

- conhecer Mont Blanc e estar na fronteira entre 3 países.  Sair por França, ver Italia voltar por Suíça;
- Ir ao Haiti e lá trabalhar um período;
- Passar uns meses em Portugal viajando e talvez, até morar;
- Voltar aos Andes e conhecer o Titicaca.
- Ver o mar de um pátio na Grecia;
- Saborear Cabo Verde com direito as lembranças emprestadas dos amigos que lá viveram ou vivem;
- Conhecer as Maldivas; e,
cultivar algas comendo mariscos em Zanzibar.

Boa parte das viagens exigem dinheiro e boa saúde,  além de tempo e disposição.
Sendo realista, será que tenho os requisitos para a empreitada?
-Dinheiro se faz com trabalho e economia, mas para isto é preciso saúde, que gera disposição,  que requer disciplina e tempo.
Afinal quem vem antes o ovo ou galinha?

10 de mar. de 2014

Café e saudade: R. I. P.

Para ser bem honesta e apesar do discurso fraterno, nem sempre a dor do outro é a minha! Entretanto, desde desde o ultimo sábado tenho sido permeada pela dor dos familiares dos 239 desaparecidos no vôo da Malaysia Airlains.

O fato é que conheço bem a angustia de quem a espera, se assusta com o atraso, desespera com o desaparecimento e aguarda por dias poder enterrar seus mortos. Esta é uma dor inesquecível!
Já se passaram 7 anos do acidente da GOL e  a saudade e a dor ainda estão presentes, mesmo que a nossa compreesnsão e aceitação tenham aumentado!

Os sete anos da morte de 154 pessoas no acidente com o voo 1907 da Gol - que em 29 de setembro de 2006 fazia a rota Manaus-Rio de Janeiro, com escala em Brasília e caiu em Mato Grosso após uma colisão com um jato executivo Legacy ainda estão vívidos. Sabe-se dos culpados, mas isso não trará as pessoas de volta. Tão pouco a pena ridícula de trabalhos comunitários imposta aos pilotos americanos ou indenização amenizam a dor dos amigos e familiares.
No nosso caso, foram 11 dias de espera regados a café, lágrimas e orações até podermos prestar uma última homenagem as nossas meninas. Uma sobrinha maravilhosa, mãe , profissional exemplaresposa e sua comadre também mãe, esposa e colega, que voltavam de uma viagem nos confins do Brasil, ambas militando em defesa das crianças vítimas de abuso e encorajando a denuncia do trafico de mulheres na fronteira. Seus filhos sempre terão do que orgulhar-se!
Apesar de exaltar ambas, não havia passageiros menos importantes. Todos tinha um significado para as suas familias, amigos e colegas. Todos embarcaram para chegar ao seu destino, cheios de planos, sonhos e motivações.
No episódio, eram 154 contra 2, um Boeing contra um Legacy! Não há racionalidade nisto e só nos resta aceitar que nada é perdido na aritmética da vida e deste saldo, no mínimo, saímos sabedores da nossa fragilidade;  que vida é feita no presente e o futuro só vale no dia que receber um carimbo da data presente, como umo café da hora.
Talvez os familiares do 2 pilotos causadores do acidente digam o contrario e até tenha aumentado a sua fé diante, diante deste escore tão improvável. As lições aprendidas podem variar, mas sempre acontecem e cabe a cada um aproveitá-las.
Penso nas famílias, nos amigos e colegas destes 239 passageiros da Malasya Airlains e sei o que estão passando. Passados 3 dias do acidente, sequer tem confirmada a causa ou o local. Eu mesma já chorei, orei e enviei toda minha energia amorosa com a  esperança de que nosso amor os alcance e possa confortá-los.
...Se pudesse estaria ao lado deles, distribuiria abraços e cafés!
Como nada é perdido, aproveito a oportunidade para me autoavaliar e percebo o quanto ainda sou pouco fraterna e como fico muito mais vulnerável as dores conhecidas ou reconhecidamente próximas. Me pergunto se senti esta mesma emoção em outro evento recente e vergonhasamente, digo não.
Olho no fundo dos meus olhos, fundo da minha alma, prometendo-me tentar entender que qualquer forma de dor do outro é nossa também e nos atinge e não importado a forma. Aprenderei, com esforço, a vibrar por toda dor e sofirimento desta humanidade, que sou eu.
Assim, este café vai para as minha menina - primeira sobrinha a nascer, formar, casar e a ter filho e a sua comadre, profissional guerreira como ela e também para todos que sofrem das mais variadas dores.
Que o calor da xícara aqueça seus corações e o amor do Pai os (nos) conforte!