23 de set. de 2017

Pisando em velhas pegadas

Em 1910 meu bisavós José e Idalina Victor de Deus abandonaram a cidade de Ribeira do Pombal com seus muitos filhos fugindo  da pior seca do século.

Tinham dinheiro, emprego e bens, mas de nada adiantava porque não  havia o que comprar ou como produzir para sustentar a sua família.  Venderam o que foi possível,  puseram os filhos em caçuás nos burros e levaram o que tinham em provisões  rumo a Alagoinhas  e nunca mais voltaram para rever o que deixaram.

Hoje voltando de um trabalho no campo e embalada pelas lembranças  das histórias e estórias  da minha vó  Celestina  - Tinda, fiz este mesmo caminho passando pelas mesmas cidades.
A paisagem que passava lá  fora, os facheiros, a barriguda começando a florir,  o sol forte do primeiro dia de primavera,  tudo se misturou na minha mente e coração.
 
Senti da saudade de minha vó,   das suas estórias,  das cantigas de ninar que aprendi e cantei para as minhas filhas, sem nem imaginar que andaria pelas mesmas paradas. 
Fico feliz em ter um patrimônio de memórias que ainda me fazem rir ou chorar a depender da hora ou lugar. 

Neima Oliveira, Neiva Costta, Walney Oliveira e os bisnetos João  Manuel.  Lena Vitória,  Joana Oliveira, Cissa Bezerra e Agnes Bezerra gostaria que estivessem comigo,  lembrei de todos e de minha mãe e tia Vevé.

Este texto foi escrito e publicado no Facebook na primavera de 2015. Agora, Cissa mudou-se para Alagoinhas a serviço e ajuda a girar a roda das nossas lembranças familiares pisando em velhas pegadas.

Shanti.

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