Somos acostumamos a
ter algumas pessoas como referência de fortaleza, resistência e até resiliência.
Esta ideia e imagem nos conforta e ampara ao ponto em que, nem mesmo procuramos
confirmar se é uma verdade para o outro.
Nestas pessoas nos penduramos, apoiamos nossa mão no ombro e
caminhamos, supostamente, confiantes e seguros.
Inseguros e insensíveis, deitados no berço esplêndido
deste conforto, não lhes fitamos os olhos ou lhes olhamos o semblante para perceber se
são felizes, se tão são fortes assim.
Criamos mitos que só atendem a nos mesmos e deixamos de
amparar pessoas queridas por puro egoísmo. Hoje faço aqui meu “mea culpa” por
ter feito isto com uma amiga durante anos, ou melhor, décadas. Décadas em que contei
com sua racionalidade, com seu carinho e com suas providencias.
Hoje recebi um e-mail com o assunto: Ajuda. Confesso que
abri pensando que ela precisava de alguma dica técnica ou alguma providencia burocrática.
Nunca a imaginei frágil e nisto, de certa forma , não errei: - do alto da
sua dor ela teve coragem e gritou socorro, me ajude.
Fiquei chocada no
primeiro momento e envergonhada comigo, logo em seguida. Como podemos não
perceber a dor do outro, quem não tem dores? Que fantasia egoísta criei para me
sentir confortável.
Tento aproveitar o momento para uma reflexão: somos humanas!
Eu com meu egoísmo e ela com sua dor. Nada é perdido amiga, mais uma vez contei
contigo para corrigir o rumo da minha vida. Sua dor me acordou da minha "umbiguice" e sei que
podemos nos amparar. Podemos trocar figurinhas dos nossos álbuns de vida.
Quem não tem histórias repetidas e lições aprendidas para
trocar?
Poderemos conversar, avaliar alternativas, chorar e rir - o
dia que você quiser, puder ou precisar. Vamos
inverter as posições adotadas até então nesta nossa caminhada. Faremos diferente
desta vez, oferto meu colo, meu ombro e lhe prepararei quantos cafezinhos você quiser
na sua ou na minha cozinha e, com uma novidade, hoje em dia os meus panos de prato
são tão alvos quantos os seus.
Beijos minha querida, lhe reservo o direito ao anonimato, mas
revelo todo meu respeito, carinho e disponibilidade para apoia-la.
Fraternalmente,
Nouredini.’.
Prometo que deixarei de ser que nem mandacarú, que não dá sombra nem encosto e dualmente, serei como mandacarú que fulora na seca da sua solidão e dá frutos gostosos, quando bem descascados!
Do menos belo dos cactos brota, não raro, a mais bela das flores...Por muito que o neguemos com inusitada frequencia, nós não nos conhecemos inteiramente e, por vezes, necessitamos de um estímulo exterior para nos revelarmos, em toda a nossa beleza interior...E deviíamos ficar agradecidos a quem nos julga capazes de os ajudar numa hora pior...Sua amiga e você, merecem o meu respeito!
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