Hoje postei no Facebook um comentário: Quando jovem e meio metida, costumava assinar e datar com as estações: primavera,
1975. Depois houve tantos invernos...que aprendi a viver cada dia e ficar
feliz com ele!
Não
sei se foi o frio do inverno ou esforço em aquecer-me, que gerou a compreensão
de que as estações são estados d’alma, que
se sucedem em nós independente do calendário. Há flagrosos dias iluminados de
sol que invadem a alma, enquanto chove torrencialmente lá fora. Há
também, dias de intenso frio, que só sopa quente aquece a alma, apesar do verão
escaldante que invade a paisagem.
É fato,
que contabilizei muitos invernos tenebrosos, nevascas infindáveis e
centimentros e mais centimentros de gelo na soleira da minha porta, o que me
imobilizou durante dias. Entretanto, não posso esquecer das muitas flores de
primavera que encontrei no meu caminho,
singelas e despretenciosas, que acenaram com um sorriso iluminador. Lembro das flores que plantei e das
que colhi com carinho: rosas de amor, cravos profissionais, jasmins amigos, filhas com sorrisos-de-maria , amados em botões de rosas, irmãos bem-me-quer, colegas em floradas de laranjeira.
Tão
pouco, me faltou o intenso calor das paixões e o sol incandescente dos amores. Foram muitos
verões, verão! Os que me cohecem viram. Entretanto penso quea mais
dura das estações, mais incomoda, mais dificil que o inverno
é o outono. Sinto-o como algo que nos desfigura, troca a casca, arranca folhas
e sacoleja com a ventania. O outono é uma mistura de saudade e esperança que
lutam entre si para ver quem me ganha alma.
Para
amenizar esta leitura pesada, aprendi a pensar no outrono como a estação das
frutas, um truque que criei para suporta-lo. Outro artificio é pensar nas
colheitas, mas lá vem Djavan e diz: - “Drão o nosso amor é como um grão, tem
morrer para germinar”. Acho que ele sente algo parecido ao que sinto, mas tem a
poesia que não tenho. Fazer o quê, senão copia-lo!
Assim,
nossos 4 corpos materiais – físico, mental sensacional e emocional passeiam nas 4 estações num inifinito de
possibilidades. Então, se no mínimo é 4! preferi viver as variações diárias e
aproveitar o melhor de cada uma delas na companhia do meu cafezinho.
Beijos
calorosos molhados de chuva, um bouquet de flores mimosas e uma cesta de frutos
maduros.
Neima, peguei seu jarrinho emprestado.
Esta analogia que coloca uns laivos de poesia´á meteorologia emocional reforça a ligação umbilical do homem à natureza e cuja vida decorre entre as breves primaveras dos primeiros anos e os longos invernos que antecipam a meta final...Eu preferiria uma vida outonal eterna, entre o que foi e o que há-de ser, na duvidosa certeza duma paleta de cores indecifráveis...
ResponderExcluirAmigo,
ResponderExcluirdou-lhe o outono sem pedir troco, pois vejo que já sabe guerrear como Arjuna.
Beijos de chuva.