6 de set. de 2013

4! Fatorial de estações


Hoje postei no Facebook  um comentário:  Quando jovem e meio metida, costumava assinar  e datar com as estações: primavera, 1975. Depois houve tantos invernos...que aprendi a viver cada dia e ficar feliz com ele!

Não sei se foi o frio do inverno ou esforço em aquecer-me, que gerou a compreensão de que as estações são estados  d’alma, que se sucedem em nós independente do calendário. Há flagrosos dias iluminados de sol que invadem a alma, enquanto chove torrencialmente lá fora. Há também, dias de intenso frio, que só sopa quente aquece a alma, apesar do verão escaldante que invade a paisagem.

É fato, que contabilizei muitos invernos tenebrosos, nevascas infindáveis e centimentros e mais centimentros de gelo na soleira da minha porta, o que me imobilizou durante dias. Entretanto, não posso esquecer das muitas flores de primavera  que encontrei no meu caminho, singelas e despretenciosas, que acenaram com um sorriso iluminador. Lembro das flores que plantei e das que colhi com carinho: rosas de amor, cravos profissionais, jasmins amigos, filhas com sorrisos-de-maria , amados em botões de rosas, irmãos bem-me-quer, colegas em floradas de laranjeira.

Tão pouco,  me faltou  o intenso calor das paixões e  o sol incandescente dos amores. Foram muitos verões, verão! Os que me cohecem viram. Entretanto penso quea  mais dura das estações, mais incomoda,  mais dificil que o inverno é o outono. Sinto-o como algo que nos desfigura, troca a casca, arranca folhas e sacoleja com a ventania. O outono é uma mistura de saudade e esperança que lutam entre si para ver quem me ganha alma.

Para amenizar esta leitura pesada, aprendi a pensar no outrono como a estação das frutas, um truque que criei para suporta-lo. Outro artificio é pensar nas colheitas, mas lá vem Djavan e diz: - “Drão o nosso amor é como um grão, tem morrer para germinar”. Acho que ele sente algo parecido ao que sinto, mas tem a poesia que não tenho. Fazer o quê, senão copia-lo!

Assim, nossos 4 corpos materiais – físico, mental  sensacional e emocional passeiam  nas 4 estações num inifinito de possibilidades.  Então, se no mínimo é 4!  preferi  viver as variações diárias  e aproveitar o melhor de cada uma delas na companhia do meu cafezinho.

Beijos calorosos molhados de chuva, um bouquet de flores mimosas e uma cesta de frutos maduros. 

 
Neima, peguei seu jarrinho emprestado.
 

2 comentários:

  1. Esta analogia que coloca uns laivos de poesia´á meteorologia emocional reforça a ligação umbilical do homem à natureza e cuja vida decorre entre as breves primaveras dos primeiros anos e os longos invernos que antecipam a meta final...Eu preferiria uma vida outonal eterna, entre o que foi e o que há-de ser, na duvidosa certeza duma paleta de cores indecifráveis...

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  2. Amigo,
    dou-lhe o outono sem pedir troco, pois vejo que já sabe guerrear como Arjuna.
    Beijos de chuva.

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