Hoje vi Vicent pelos olhos de minhas filhas Agnes e Cissa e da sua amiga Angélica Rocha. Meus olhos encheram-se de lágrimas e, enfim, pude dizer-lhe cara a cara:- Olá Vicent li todas as suas cartas a Theo, entendo suas dores que já fora minhas e sei porque seu mundo tem tanto amarelo cádmio.
Vicent, meu querido, veja onde chegastes, veja a quantos alegras com tuas flores, teus trigos e até a tua caixa de brinquedos. O teu quarto, para tu uma cela, para muitos virou símbolo de beleza e poesia e habita milhares, milhões de quarto de crianças alegres, sorridentes e felizes.
Mesmo aqueles que te conheciam a dor e a trajetória sofrida, muitas vezes o escolhem como símbolo para decorar quartos dos seus filhos, talvez como forma de ser atentos a felicidade dos seus pequenos. Assim o fez Samantha, sobrinha querida, quando nasceu o seu Joãozinho.
Durante muitos anos eu mesma tive a sua cadeira e a caixa de brinquedos no meu quarto, gravuras baratas, que não faziam jus ao seu talento mas lembravam todo meu respeito e admiração . Também tive os girassois e hoje sei, que os remédios amarelavam seu mundo.
Quando a quase 10 anos iniciei um tratamento com cromoterapia, temia por demais o amarelo. A cor do sol, da cura do plexo que aquece nossos dias e quando se desabilitada, desespera.
Meu querido, li todas as suas cartas Theo, aprendi a respeitar e admirar a perseverança da sua cunhada. Gostaria que ela tivesse alcançado os tratamentos existentes hoje para depressão. Talvez não tivéssemos o artista, talvez não nessa expressão de arte, mas noutra forma.
Fico a imaginar um Vicent colorido, alegre ou menos sofrido. Normal e sem normas...
Hoje eu lhe disse Olá junto com um Olá festivo para Degas. Que, em bom tempo, não nasceu por agora porque talvez o acusassem de mil e uma coisas por ficar tão perto de tantas jovens e assim perderíamos a beleza pueril das suas bailarinas.
Veja Vicent, cada,um no seu tempo e com as suas limitações também, alegrias. Hoje, neste tempo de tecnologias, neste exato momento, sentada numa livraria vejo pelos olhos das meninas aquilo que muitos e muitos livros das estantes daqui reproduzem.
Degas e Vicent numa tacada só! Vou tomar um macchiato duplo para acalmar meu pobre coração que está aos pulos de alegria.
Obrigada meninas não poderia ter recebido presente melhor na última visita a caféteria deste ano.
Beijos e bons passeios e com licença porque vou publicar as fotos