6 de nov. de 2012

Café amargo e a doce ilusão


Tenho tido tempo, mas tem me faltado a alegria de escrever. É vero!

Escrever, independente da qualidade do escrito, traz a alegria de expressar momentos, reviver lembranças e expectar o futuro. Entretanto, quando o momento presente exige reflexão, asseguro-lhes que o melhor é degustar, em silêncio, uma xícara de um bom café.

Tenho bebido muito café, alguns regados a lágrimas, outros repletos de saudade e por vezes cheios de certeza da impermanência que permeia tudo nesta vida - as pessoas, os bens, os amigos.

Sei que o Budha Sidharta não bebia café, mas tinha tanta certeza de que tudo é impermanente e cada coisa só existe no momento presente. Certeza de que temos que viver cada coisa em seu momento, sem antecipar com expectativas e sem tentar rete-las com lembranças.

Temos estar inteiros em cada coisa que fazemos, mas não praticamos isto. Criamos uma série de expectativas para nós e com os que nos rodeiam e, depois, nos permitimos as decepções. Só se decepciona que criou expectativas e eu sou cotumaz nisto.

Os anos de vivência na Frateridade já deveriam ter me corrigido, mas este é o feijão no meu sapato e enche meus pés de bolhas - Chegou a hora de cozer os feijões, encher os sapatos e seguir de uma forma mais branda.

Olho para xícara, percebo cada detalhe do seu desenho, sinto o cheiro do café, sinto o gosto e vejo como é pleno este momento, como ele me oferta tudo a que se destina. Ele é feliz em ser café , ela é feliz em ser xícara e eu sou feliz em estarmos juntos.

Neste momento sinto a paz do momento presente!

2 comentários:

  1. Para quem confessa um défice de alegria para a escrita, você se defende muito bem e, aí, eu pergunto, como seria com alegria plena? Por aqui, a gente costuma sofrer "com pedra no sapato"...É incómodo que se farta porque dói mais na alma do que no pé...Mas, minha amiga, a sensação de paz é tão grande quando a gente tira a pedra, que dá vontade de colocá-la lá. de novo para tornar a sentir a felicidade de voltar a retirá-la...É disso que a vida é feita e creio que, de outra forma, seria um tanto robótica!
    Faça o favor de ser feliz!

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