30 de dez. de 2018

Finda o ano

E cá  cheguei e prometo resistir.

Aos que ficaram pelo caminho, meu carinho, respeito e saudade.

As minhas filhas e genro, toda gratidão.

Aos irmãos, a dor que nos reuniu  será  a alegria redobrada na volta de João.

Aos amigos toda minha fraternidade.

Aos irmãos espirituais, a minha eterna lembrança de que a FBU está  onde pomos o coração  e a mente.

Ao meu querido médico fraterno - Álvaro  Carvalho, obrigada será  sempre pouco.

Ao Dr. André  Jorge que me pôs  de pé, muito obrigada e todo meu respeito.

A todos a certeza de que os Mestres nos amparam, Cristo mora em nós  e os Budhas nos ensinam.

Um 2019, pleno de lutas e conquistas.
Muita paz e esperanças e se faltar, tome um café  que encoraja.
Feliz Ano Bom!

23 de dez. de 2018

Só, esquecemos a foto

Ontem, os filhos da d. Neide se reuniram num Natal como os que ela fazia: De tardinha.

Estávamos lá  eu, Neiva-Vivi, Walney e Neima. Éramos os quatro e comida para 20.  A novidade é  que Neima assumiu a ceia e fez salada de bacalhau, frigideira de atum e bolos. Também comprou toda sorte de nozes e amêndoas passas.

Wal chegou carregado de pastas e patês  de berinjela  azeitonas,   ricota, sardela e pães.  Neiva levou sua cervejinha e eu um brownie...e é claro café  preto e com leite.

Trocamos presentes e tivemos a alegria de juntos falarmos com João, cuja peleja pela guarda continua.
João  ligou para dizer ao papai que estava bebendo água  tônica. O gosto pela tônica invade gerações  na família.
Ele é o pai estavam vestindo a mesma camiseta. Um desenho feito por Wal para ele.

Assim, o que faltava para ter cara de Natal  se completou e anoitecendo evitando assuntos como política e desafetos.

Já desistimos de festas que conciliem a segunda geração, que sempre tá  atarefada entre estudos,  trabalho, maridos , compras e todos esses compromissos típicos de vésperas.

Já  desistimos que seja exatamente no dia 24. Manteremos o amor e a tradição.
Assim ficamos nós, os primeiros na casa dos nossos pais, preservada por minha irmã Neima,  vimos mais um Natal chegar.

As estrelas brilham no céu , creio que meu pai ligou o pisca pisca da árvore  que d. Neide enfeitou na casinha do céu.

Bjs meus queridos e boas festas.

P.S. Desculpa mãe, tinha tanto celular, mas foi tanga fofoca e comilança que esquecemos de fazer  a foto.

4 de dez. de 2018

A esperança e a memória são quentes como cafe

Na memória  do meu irmão, todo nosso amor e saudade ficam expressos.

"Amanheci hoje fazendo café e, como sempre nessas horas, veio em mim a lembrança do cheiro e do sabor que nossa mãe coava. O sabor seria fraco para minha preferência de adulto, mas não  teria deixado de ser admirado pela precisão inimitável em seu invariável sabor - uma exatidão no fazer da bebida  que, mesmo com método, apetrechos e dedicação, jamais fui capaz de alcançar.

Sou daqueles de ter barista preferido e de gostar do café forte e quente. Forte o bastante para o amargo atingir o ponto de tornar em doçura complexa, e assim o tomo, puro e sem adocar - mas nem o mais perfeito ao meu paladar supera o valor do vínculo dado pelo café de "vovó Neide, mamãe de papai que mora na estrela".

Meu menino via em todas as horas o café em meu dia. No desjejum dividido, no arremate do almoco, no lanche da tarde, no expresso ocasional, no último alimento do dia.

Cedo enxerguei no desejo de pertencer a explicação da frase "eu gosto de café também  papai". Tal como na alegria de vestir roupas semelhantes, em cor ou no modelo, me vi fazendo metamorfoses e ajustes, tal como aderir aos horrorosos "crocks" pq eram "iguais a minha sanadalha do batman, papai".

Sempre oferecia café a João quando ele repetia a sentença. Algumas vezes ele tomava um gole e dizia "já tá bom hoje, 'quer' mais não". Sem me dar conta, e mais ainda depois de perceber o que fazia, fui ajustando paladar para caber no desejo do menino. O café "caído do bule", como lindamente fala o querido Bel Pires, foi ficando menos forte e os adoçantes voltaram a bebida: com açúcar comum, com o demerara ou com o mascavo, com mel, com melaço, com cacau em pó, com leite e até com uma pitada de achocolatado, tudo buscava a expectativa do pedido "posso provar, papai?". Uns poucos dias antes do dia que nos trouxe a distância, sem ensaio ou busca de ajuste, bebia um tanto de café puro, já não  tão quente no fim da caneca, qdo o recorrente desejo de partilha veio. Sem saber que aquele fim de tarde seria alvorada, ajustei nas mãozinhas o peso da caneca para depois ouvir: "huuum. Tá gostoso!! Eu gosto de café. Posso ter um pouco para beber sozinho, papai?!". Dividi o café e a alegria da novidade por todos os ventos.

Desde então, ainda que não todo dia, o que foi feito para ser xícara de cafézinho se fazia em "canequinha de criança beber café" e dividimos uma bebida não tão forte e já quase morna como o sabor exato do melhor café do mundo - agora mais ainda, porque se essência do grão coado nos faz juntos até além da vida, que separação poderia impor uns  poucos milhões de metros? Ademais, tal como na extrema amargura do café reside o doce, nesse amargo hiato de convívio eh gestada a doçura intensa do reencontro - e será  breve, para sempre e para além do infinito, como o sabor do café de vovó Neide. #joaoepapai #papaiejoao #semprejuntos"

Meu irmão, que os Mestres continuem a lhe fortalecer  na espera.
Lembre que aquilo que nos causa dor foi também  motivo do nosso reencontro familiar.
Aquilo que é seu por direito divino há de voltar,
Que o advento do Natal renove nossas esperanças e as oportunidade caiam quentes do bule  da vida.
Este são  os meus votos, a minha fé  e esperança.

2 de dez. de 2018

...as linhas pularam ao papel e salpicaram estórias.

Costura e borda na variedade dos matizes, avesso impecável  e multiplicidades de pontos e laçadas,  que formam trama infinita.

Ajusta e sabe dar final as pontas e sobras e,  com está mesma destreza, a nossa querida Dilita  teceu, costurou  e porque não dizer, pintou e bordou muitas estórias e histórias e deu -lhes o impecável  acabamento em forma de livro.

Um filho temporão, mas que promete crescer a família e não  ser único. Há  muito o que contar, sempre embalada por rendas e birras que  construíram e fortaleceram está grande mulher, mãe, esposa e avó.

O que há  de faltar a Seu Olimpio  que a tenha como companheira já passada as bodas de ouro? Sobra-lhe orgulho tenho certeza.

Seu Olímpico,  faz-me um favor e na próxima  fez que lhe oferecer um ramalhete, inclua as flores nossas,  cá  do.outro lado.

Carinho, respeito e orgulho de ser sua amiga Dília  Brandão  Fernandes. Deus a guarde imortalizada nas estantes da vida.

Carinho e respeito,
Nouredini e família

Casa de mãe rima com solidão

Já estava com o celular na mão   pronta para postar e me cobrando a longa ausência  aqui dirante este ano. Afinal, dezembro iniciou e com ele o velho hábito  de fazer balanço. 

Já estava clicando para abrir o blog, quando recebi uma mensagem da minha irmã  e juro,  o texto era tão  verdadeiro, que quase de imediato , resolvi postar.

Ainda que não  tenha sido uma mãe  tão  presente , nem tão  convencional, o fato é  que texto traduz um sentimento verdadeiro e presente.

Partilho com vocês  porque se não  são  pais,  certamente foram ou são  filhos e estão , em algum momento aqui presentes.

Que o mês  de dezembro nos traga reflexão.
Bjs fraternos.

"Casa de mãe depois que os filhos se vão

Casa de mãe depois que os filhos se vão é um oratório. Amanhece e anoitece, prece. Já não temos acesso àquelas coisinhas básicas do dia a dia, as recomendações e perguntas que tanto a eles desagradavam e enfureciam: com quem vai, onde é, a que horas começa, a que horas termina, a que horas você chega, vem cá menina, pega a blusa de frio, cadê os documentos, filho.

Impossibilitados os avisos e recomendações, só nos resta a oração, daí tropeçamos todos os dias em nossos santos e santas de preferência, e nossa devoção levanta as mãos já no café da manhã e se deita conosco.

Casa de mãe depois que os filhos se vão é lugar de silêncio, falta nela a conversa, a risada, a implicância, a displicência, a desorganização. Falta panela suja, copos nos quartos, luzes acesas sem necessidade…

Aliás, casa de mãe, depois que os filhos se vão, vive acesa. É um iluminado protesto a tanta ausência.

Casa de mãe depois que os filhos se vão tem sempre o mesmo cheiro. Falta-lhe o perfume que eles passam e deixam antes da balada, falta cheiro de shampoo derramado no banheiro, falta a embriaguez de alho fritando para refogar arroz, falta aroma da cebola que a gente pica escondido porque um deles não gosta ( mas como fazer aquele prato sem colocá-la?), falta a cara boa raspando o prato, o “isso tá bão, mãe”. O melhor agradecimento é um prato vazio, quando os filhos ainda estão. Agora, falta cozinha cheia de desejos atendidos.

Casa de mãe depois que os filhos se vão é um recorte no tempo, é um rasgo na alma. É quarto demais, e gente de menos.

É retrato de um tempo em que a gente vivia distraída da alegria abundante deles. Um tempo de maturar frutos, para dá-los a colher ao mundo. Até que esse dia chega, e lá se vai seu fruto ganhar estrada, descobrir seus rumos, navegar por conta própria com as mãos no leme que você , um dia, lhe mostrou como manejar.

Aí fica a casa e, nela, as coisas que eles não levam de jeito nenhum para a nova vida, mas também não as dispensam: o caminhão da infância, a boneca na porta do quarto, os livros, discos, papéis e desenhos e fotografias – todas te olhando em estranha provocação.

Casa de mãe depois que os filhos se vão não é mais casa de mãe. É a casa da mãe. Para onde eles voltam num feriado, em um final de semana, num pedaço de férias.

Casa de mãe depois que os filhos se vão é um grande portão esperando ser aberto. É corredor solitário aguardando que eles o atravessem rumo aos quartos. É área de serviço sem serviço.

Casa de mãe depois que os filhos se vão tem sempre alguém rezando, um cachorrinho esperando, e muitos dias, todos enfileirados, obedientes e esperançosos da certeza de qualquer dia eles chegam e você vai agradecer por todas as suas preces terem sido atendidas.

Por que, vamos combinar, não é que você fez direitinho seu trabalho, e estava certo quem disse que quem sai aos seus não degenera e aqueles frutos não caíram longe do pé?

E saudade, afinal, não é mesmo uma casa que se chama mãe?

(Texto atribuído a Miryan Lucy Rezende)"