8 de dez. de 2013

Frutas para salada.

Já começou o verão em Salvador, desde o dia 4 de dezembro. A galera mais jovem marca seu verão por meio dos shows e eventos que acontecem na cidade e também assim, era ou ainda é, para nós da velha guarda. O verão da nossa cidade começava com o caruru de Santa Bárbara, padroeira dos bombeiros, distribuído com fartura todos que quiser comer e sambar no Mercado de Santa Bárbara-um caruru de preceito religioso.

Terminada a festa de Santa Bárbara começam os festejos de Conceição, a Santa padroeira da cidade e hoje, dia 8, é o seu dia com muitas missas e, do lado de fora da igreja, muita cerveja. Não sei se por tradição ou conveniência, muitos maridos, após a missa e após muitas cervejas, compram as frutas para a salada.

É tempo de infinidade de frutas de cheiros, gostos e coloridos diversos e as saladas deste período, se diferenciam pelas misturas. Meu sogro, seu José, era mestre nisto e, certamente, hoje comeríamos a melhor salada de frutas do ano.

Finda os festejos de Conceição já nos ritos de Santa Luzia e suas águas curativas para os olhos. Após Santa luzia, a procissão das barracas de festas e a peregrinação dos devotos do sagrado e do profano segue rumo Boa viagem e lá se instalava até o ano novo sempre rompido nas areias da praia de Boa Viagem, aonde no dia seguinte, chega a procissão marítima de Bom Jesus dos Navegantes. Em paralelo a esta festa, rola outra no bairro da Lapinha e com direito a presépio ou como se dizia uma Lapinha do Nosso Senhor.

Caminhando e arrastando as barracas e já no novo ano a festa se instala no Bomfim - conhecida nacional e internacionalmente - tem seu poder ponto alto na lavagem das escadarias. A caminhada começa lá na Conceição e se arrasta até a Igreja. São km(s) de muita fé, farra e comemoração, que se tornou a quinta-feira mais famosa do ano.

A esta altura o ano já avança a meios de janeiro e numa correria, que já nem sei se ocorre ainda, de domingo para segunda, a festa muda-se para Ribeira, onde a farra puramente profana é denominada de segunda-feira gorda e os ritos carnavalescos falam mais alto.

De lá se mudava para Pituba, que já não mais existe e seguia para Itapuã. Esta de está Itapuã está preservada e tem lavagem, barraca, parque e tudo que uma festa popular tem direito.

Mantida a tradição de Itapuã, desloca-se para o Rio vermelho e já em 2 de fevereiro o mundo assisti a festa de Iemanjá. As festas do Bomfim e a de Iemanjá são as que mais caracterizam o sincretismo religioso do povo da Bahia - leia-se Salvador.

Com a festa do Rio Vermelho já em vésperas e ritos de carnaval, o verão vai atingindo seu ápice e o povo da Bahia tem cores, idiomas, sotaques e nacionalidades as mais variadas. É uma massa feliz que vagueia de ensaio em ensaio carnavalesco... Puro sorriso e farta alegria.

Se olhamos bem, são 3 meses de festa em festa. Em verdade, muitas festas foram perdendo forças e brilho, sendo substituídas por eventos pagos e ensaios dos blocos carnavalescos. Para quem chega, os ares da cidade continua festivo, quase igual ou até em certos momentos, mais movimentado que antes.

Sou do tempo do ciclo das festas populares, ainda que por restrições familiares, não fosse a todas. Alegra-me saber as festas abertas ou encontros menos eletrônicos. Saúdo as rodas de samba, os bailes e batucadas.

O verão nesta minha terra é uma grande salada de frutas tropicais, mas não declinamos das frutas exóticas que por aqui aparecem e enriquecem o sabor e quando chega dezembro de novo, além das festas nascem muitos bebês. Verão é um tempo de amor e reprodução...rsrsrs.

Registro com orgulho que no verão da Bahia ocorre algo inédito: o único concurso de carrinho de cafezinho. Aqui os ambulantes vendedores de café, recurso infalível para ressaca de tantas festas, criam verdadeiras obras de arte para transportar suas garrafas térmicas com rodinhas e até sonorização.


Viva este meu povo!

Beijos com sabores dos Sorvetes da Ribeira.
 
 

4 comentários:

  1. Esta sua divagação me fez água na boca...Eu adoro salada de frutas (às vezes, bastam duas qualidades) com a minha receita especial de pouco açucar, sumo de laranja e um ou dois cálices de Vinho do Porto...É comida de Anjo...E mais o ambiente estival, de festa, de carrinhos de cafézinho, de sorvete, de festa popular com seus aromas e sabores muito especiais...Adoro tudo isso, pela espontaneidade, pela autenticidade, pela singeleza, pela alegria sã, descomprometida, doida varrida...Viva o Verão!

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  2. Nouredini,
    A Bahia é simplesmente deslumbrante. Um de meus filhos já esteve em Salvador, mais de uma vez. Pelo que a gente ouve, lê e vê nas imagens por aqui, a Bahia e seu povo são mesmo encantadores. Destaque na culinária, na música, e tantas outras coisas. Tem um sorvete aí?- rs
    Abs.

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    1. Sim, sorvetes de cores e sabores variados. Só não tem de orai pró nobis, coisinha que só mineiro conhece e eu, em breve, terei um pezinho.
      A minha amiga mineira -Alzira da Praxis consultoria, já plantou e vai me mandar.
      De minas tenho as panelas, o gosto pelo alho e o desejo de ter um bom fogão de lenha. Quem sabe um dia terei tudo juntinho, lá no da serra.
      Abraços e obrigada pela visita.

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