8 de out. de 2018

Ontem chorei, mas não desisti

Ontem compareci a minha zona eleitoral e na mesma seção onde, desde instaurada a democracia, votei pela primeira vez para presidente. Antes de ir, cumpri um ritual semelhante ao que faço no dia 31 de dezembro, na virada do ano, pois na virada entramos no dia da Fraternidade Universal e no meu aniversário como Nouredini.
Tomei um belo e bom banho de cheiro, vesti branco, acendi uma velinha e vibrei pela paz e discernimento. Assim, de branco, mas com uma vita vermelha em laço, também marquei minha luta pela contra o retrocesso e a volta a ditadura militar, os velhos anos de chumbo no nosso Brasil.

Cheguei ao local como de costume cedo, e logo a primeira surpresa: -  As pessoas iam a pé votar, agora filas de mais de Km de carros. De pronto pensei , envelhecemos e os carros devem ser por isto. Qual nada! deles desciam jovens de direita com seus filhos fantasiados de coxinhas, todos mais fantasiados que em dias de copa do mundo.

Estas seções sempre foram tradicionalmente de esquerda, de luta pela democracia e passeava entre comunistas de diferentes alas, petistas, avançou pelos ambientalistas e inovadores e agora, pasmem!!! Foi tomada pela direita radical, pela bancada que defende a tortura, os homofóbicos, os xenofóbicos, a bancada das armas e dos ruralistas que expulsam os pequenos produtores e defendem os agrotóxicos em massa.

Aquelas mesmas crianças que levamos pelas mãos cantando hinos de esperança, como levei minhas filhas, se tornaram abjetos coxinhas. Esqueceram do que ouviram, relegaram suas bases.
O que passa pelas suas cabeças? o que lhes vai na alma? ou pior, o que lhes ocorrerá, muitos sustentados pelas parcas aposentadorias dos pais que construiram essa luta?
Confesso que chorei copiosamente. Onde erramos?

Para acalentar meu coração, constato que as minhas duas filhas enfrentaram aeroportos cheios e vieram só votar e voltaram a afazeres. Agnes veio de Porto Alegre, chegou para votar e voltar para São Paulo a trabalho e Cissa fez o mesmo em diferente cidade. Me orgulhei por não te-las perdido.

Também ví com alegria, que todos os meus irmãos, os filhos de Sr. Vavá e D. Neyde foram votar, doentes ou não, cada um com sua opção, mas exercendo seu direito e sua cidadania porque, por enquanto, ainda somos uma democracia. Nenhum votou no "coiso".

Chorei por amigos que preferiram o sol, a cama, a cerveja ou qualquer outra coisa, a exercer sua obrigação e direito de votar. Onde moro, vi moradores que receberam subsídios do Minha Casa Minha Vida, que pagam até um terço do valor da prestação real, estenderam bandeiras de direita em suas casas, cuspindo no prato que comeram. Vi também os que receberam crédito educativo, os que recebem incentivos - creio que as igrejas evangélicas colocaram algum tipo de vírus na água e outros ficaram cegos ou doidos.

Vi fraternos seguidores de Gandhi defeenderem a tortura e o armamento e por isto, também chorei. Meus irmãos fraternos negaram seus ensinamentos da ahinsa.

Por fim, fui até a última apuração para constatar o quanto teremos que lutar muito neste segundo turno, mas também para me orgulhar do meu nordeste, que em peso disse #elenão #aquinão.
Viva a Bahia, Viva o nordeste




3 comentários:

  1. Cheio de conteúdo este seu texto. "Vejo a mulher forte que se chama Nouredini a falar e a sentir cada afirmação, cada palavra..." Abraço apertadinho e beijinho da Dilita.

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    Respostas

    1. Olá minha querida amiga.
      Sinto sua presença cheia de carinho.
      Estamos vivendo um momento mt difícil, mas os nordestinos estão resisttindo

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  2. Olá minha querida amiga.
    Sinto sua presença cheia de carinho.
    Estamos vivendo um momento mt difícil, mas os nordestinos estão resisttindo

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