27 de mai. de 2013

Colando cacos de xícara


Quando eu era criança não tínhamos disponível tantas variedades de colas rápidas e lançávamos mãos do que dispúnhamos para colar o que se quebrava. Quando as louças se partiam, montávamos uns quebra-cabeças das peças e colávamos com Fátima, nome regional dado ao esmalte para unhas.

Não tínhamos o esmalte incolor então usávamos a cor disponível, fazendo o possível para não deixar mostrar os remendos. Os esmaltes vermelhos eram os mais comuns e aqui e ali cismavam em aparecer denunciando o remendo.

As vezes fazemos isto com nos mesmo, nos remendamos. Colhemos nossos cacos e nos remontamos. Algumas colagens são tão perfeitas que os outros nem notam, mas se chegam perto ou passam a mão, elas se denunciam. Para nós as fissuras nunca deixam de existir e sempre teremos precauções com aquele vaso, que passa ser ainda mais frágil que antes.

Muitos continuam úteis e podem ser usados por anos a fio até que descolem se fazendo em pedaços e, ao cair novamente,  sempre se esmigalham em mais cacos. A fragilidade se multiplica e numa segunda queda pode não ser mais possível aproveitar-los.

Hoje estou em cacos e com meu velho frasco de esmalte vermelho ao lado, tentando me recompor e rezando a todos os santos que consiga juntar todos os pedaços. Já fiz a primeira parte, recolhi todos, ví que não faltam partes. Assim será possível colar, se com perfeição ou não, isto só o tempo dirá.

Quando estiver coladinha e com aparência de útil novamente, peço aos que usarem a xícara do meu coração como receptáculo dos seus amores,  que tomem cuidados e tenham tento porque está muito frágil e não sei se aguenta novos remendos.

Hoje vai ser preciso muito café para me manter acordada fazendo este trabalho de colagem e para esquentar este frio que insiste em se apossar da minha alma.

Meus amigos de verdade por favor aviem com o cobertor.

Beijos doídos e remendados de Fátima vermelha no meu  vaso branco já amarelado.
 imagem da web
 

 

 

 

3 comentários:

  1. ORDEM DIA DIA:
    1. Quem é a companheira do "mew look"?
    2. Continuo a ter dificuldade em ler seus textos...Não dá para clarear o fundo, enegrecer a letra ou engordá-la um pouco?
    3. Ainda não foi decoberta uma cola definitiva para os estilhaços da alma...A mim só me ocorre uma dose dupla de resignação ou uma dose tripla de "scotch", qual delas a pior! De qualquer forma, no entanto, por vezes basta a gente se aperceber de que, afinal, não estamos sós.. A solidão patológica é uma danada de uma lapa que se nos agarra ao espírito sempre que abaixamos nas nossas defesas emocionais...Mas, em contraponto, lá fora faz sol e o mundo gira mau grado a frustração geral, do lado de lá da ponte há gente que lhe quer bem e, mais do que tudo, você ainda por cima vive num lugar onde se deve comer a melhor feijoada do Mundo...
    Por favor, não deixe caír sua xícara com muita frequencia no empedrado marmóreo da cozinha pois vai haver um dia que eu não vou estar mais aqui para fazer respiração alma-a-alma! Viva!

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    Respostas
    1. Querido amigo,
      a companheira é Cissa, a filha mais nova, professora de muitas matérias na Universiade do Salvador, trabalhadeira que só!
      Vou Cuidar em enegrecer os textos. Prometo que nos próximos não te darei mais trabalho.
      Quando a sua ajuda fraterna é de bom grado e sei que conto e, certamente, seu hálito vital me reanima.
      Beijos querido amigo, bons ventos nos unam

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